sexta-feira, julho 08, 2005

Juro que li...

Enquanto a mídia se volta para assuntos como CPI, Mensalão, Governo Lula..., os jornalistas que não estão escalados para tratar desses problemas encontram - se desesperados para encontrar notícias que ainda possam despertar algum interesse no leitor. Os mais folgados, ao saber que por mais que se esforcem, suas notícias não poderão concorrer com a crise, simplesmente relaxam e são capazes de imaginar que matérias como estas são realmente muito importantes:

07/07/05

Daniela Mercury cancela show em Londres

"Muito assustada com os atentados, Daniela Mercury cancelou o show que faria hoje, 08/07/05, a 50 metros de uma das estações destruídas pelas bombas. Outras bandas, como REM e Prodigy também cancelaram os seus shows..."

Ainda bem que publicaram essa informação. Meu Deus, eu fiquei em pânico ao saber que uma musa do Axé poderia ter sido morta em um atentado a bomba em Londres! E que bom que ela cancelou o show, né? A 50 metros do local em que se explodiu uma bomba ontem, pode ser que ainda haja explosivos no local e que exploda novamente no dia seguinte! Sei lá, pode ser erro de cálculo, diferença de fuso horário da bomba relógio, uma retardatária pode explodir a qualquer momento! Eu nunca mais faria show perto dali! Além disso, não há razão pra Daniela Mercury se preocupar: terroristas querem matar muita gente! Se tem show de Prodigy e REM, na mesma cidade,as chances de alguém bombardear Daniela Mercury é mínima! Ah, é mesmo, não foi por isso que ela cancelou o show. Foi em respeito ao drama vivido pelos londrinos. Bom, pelo menos, a cantora teve bom senso e evitou de subir ao palco e cantar:

"Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu..."

"Bomba
Pra dançar isso aqui é bomba
Pra balançar isso aqui é bomba
Pra mexer isso aqui é bomba
Ea mulherada se joga assim, assim, assim, assim todo mundo
uma mão vai na cabeça ..."

Eu sei o que vocês fizeram no verão passado terá nova seqüência

"Para provar que a personagem de Jennifer Love Hewitt não morre nunca mais, os criativíssimos criadores de "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado" resolveram criar mais uma seqüência depois de "Eu ainda sei o que vocês fizeram no verão passado" : "Eu sempre sabererei o que vocês fizeram no verão passado". O novo filme, o qual juram não ser comédia, será estrelado por além de Jennifer Love Hewitt, o campeão absoluto de filmes teen, Freddie Prince Jr... "

A vantagem de uma protagonista não morrer é que o namorado dela também nunca morre. Taí, o personagem de Freddie Prince Jr de novo! Mas a namorada dele de verdade, morre. Pelo menos, tiveram o bom senso de matar "Sarah Michele Gellar" no primeiro filme! E essa morre meeeeesmo, morre macha! Essa tem crédito porque morre! Morreu também em pânico 2 e todo mundo tá torcendo para que ela tenha morrido em "O grito" ! Mas Jennifer Love Hewitt não morre nem fu*****! Alguém sabe me dizer um filme em que ela tenha morrido, pelo amor de Deus?
E o nome do filme? Nem preciso comentar, né? Já imagino as seqüências:

Eu sei o que vocês fizeram no verão passado.
Eu ainda sei o que vocês fizeram no verão passado.
Eu continuo sabendo o que vocês fizeram no verão passado.
Eu permaneço sabendo o que vocês fizeram no verão passado.
Eu sempre saberei o que vocês fizeram no verão passado.
Vocês morreram de velhice, mas eu continuo sabendo o que vocês fizeram no verão passado.
Eu sei o que o seus pais fizeram no verão passado.
O que os seus netos fizeram no verão...
Continuo sabendo...
Morrerei sabendo o que vocês fizeram no verão passado.
Eu sei o que vocês fizeram no verão passado e 1/3.
Eu sei o que vocês fizeram no verão passado e também no inverno deste ano.
Eu sei...
Continuo sabendo...
Eu sempre saberei...

Era hora de um personagem dizer: "Ah, sabe? Então, foda-se."
E acabar de vez com a seqüência do filme bobo, de nome pior ainda.


Matérias reescritas e comentários feitos por: http://www.aconteceuviroutexto.blogspot.com




segunda-feira, julho 04, 2005

Ambigüidade



Não tem jeito, se soôu ambígüo, ouvi de longe!
Repare:
SÉRGIO NAYA É ABSOLVIDO POR DESABAMENTO

"Por" dá a idéia de "através de"ou ainda, "modo". A frase sugeriu várias interpretações: o acusado foi absolvido do crime do "desabamento"; o acusado foi absolvido através do desabamento (o prédio desabou na hora em que ele seria acusado, então, foi solto!), o acusado foi absolvido por desabamento (Desabamento seria sinônimo de "unanimidade"? O juri desabou a dizer que ele deveria ser solto???...)
Yahoo, melhora isso daí!
Publique:
"Sérgio Naya deveria ser aborvido pelo desabamento"


Aconteceu, virou texto.Posted by Picasa

Falando sério...

Academia recebe mensalão para manter a norma culta padrão

No último dia 28, Jô Soares parecia ter sido abalado pelas "sandálias da humildade" e resolveu fazer um programa em que ele não fosse o centro das atenções. Assim, propôs um debate com as jornalistas Ana Maria Tahan, editora executiva do Jornal do Brasil, Cristiana Lobo, da Globo, Tereza Cruvinel, de O Globo e a cientista política Lúcia Hippolito. Durante programa, um show de argumentações, principalmente, de Lúcia Hippolito, que se estivéssemos em período de eleições, eu diria ter sido a grande vencedora do debate!
Não irei me reter à crise política. Muita gente me cobrou um texto sobre isso aqui. Mas devo confessar: neste momento, sou mais uma brasileira medíocre, não sei e nem quero saber disso aqui, mas não tenho raiva de quem sabe. Se querem ouvir bons comentários sobre o assunto, ouçam Lúcia Hippolito na CBN! Quem sou pra questionar qualquer coisa que essas mulheres gêniais falaram...
A única coisa que questiono é: quando é que o povo vai participar de um debate como esse? O programa do Jô foi paradoxal: criticou a justiça e política brasileira (tipicamente elitista) excluindo a grande massa popular de participar do debate! Tratou-se da elite brasileira discutir ela mesma! Não que isso me surpreenda, mas o "Programa do Jô", recheado de intelectualismo elitista sempre recorre a atrações tipicamente populares: o Jão da roça com um feito engraçado, a celebridade acéfala e boazuda, a atriz de segunda linha que anda precisando de mídia...Então, por que se esquecer de que uma massa popular também desejava participar do programa daquela noite?
Não que eu esteja bancando a comunista, dizendo "Não" à elite, a programa elitista, etc...Eu até gosto muito do "Programa do Jô."Mas aquilo ali me serviu para pensar em uma coisa: "O que é um homem inteligente?" Se fizermos uma pesquisa no Brasil, Jô Soares seria um grande apontado. E o que é Jô Soares? Nada mais, nada menos do que um homem que sabe ler e que realmente o faz. Mas como ninguém faz o mesmo, ele é um gênio! E ele realmente pensa que é.
Basta um gande leitor carismático, uma banda de jazz e um cenário elegante para se ter um programa inteligente? Envolver o povo em um debate, seria deixar de ser inteligente?
O grande problema é que as pessoas estão acostumadas a associar povo a programa de baixaria. Talvez não estejam muito errados. Alguém tem dificuldade em entender isso: "Creusa acha que Dionizo é o pai. Dionizo acha que é o Crêitão. Vamos abrir o DNA: Dionizo é o pai. Palmas e pancadaria.'E se for teu, e se for teu, teste de DNA pra provar que o filho é teu!' (Vinheta) E mais porrada!"? Se alguém não entendeu, tem problema. Ora, justifica alguém assistir a um programa em que ele não conseguisse sequer saber do que estava sendo falado?
O que eu quero dizer é: o debate do Jô foi um pagode - sim, faltou só a pancadaria pra virar "Ratinho"- em que mulheres quase se bateram para falar, brigando pra exibir todo o vocabulário esdrúxulo que sabiam, todo o conteúdo que sabiam e todo o status que representavam. Estavam erradas? Não. Era obrigação de todos, incluindo do Jão da roça saber a gênese de todos os partidos, as alianças que já fizeram e ainda fazem, o passado de cada político, enfim, todos têm a obrigação de serem doutores em Política e Mídia!
Enfim, ninguém deixa de ser mais ingeligente porque se fez ser entendido. Ninguém é burro por demonstrar-se simples, humilde. E se querem saber, desconfiem. Desconfiem de quem faz questão de usar palavras que ninguém conhece, assuntos que só a minoria conhecem, etc. Desconfiem dos especialistas em excesso. Quem não quer ser entendido é porque não entende. Não digo que os intelectuais do Jô não entendam do que falaram. Pelo contrário, já disse, Hippolito é uma das melhores que eu já ouvi. Mas naquele momento, não pensaram no povo, não fizeram nada de diferente desses profissionais corruptos que a mídia mostra. Foram elas, intelectuais corruptas ao roubarem o conhecimento unicamente para si.
E o vendedor de picolé lá de Ubá, interior de Minas, que nunca estudou Português, quanto mais Política, numa situação dessas, resumiria a crise política para as madames:

"Dinheiro na mão é vendaval..."

Depois completaria: igual falava aquela novela do Carlão.
Isso, ele entendeu.


O povo não gosta de baixaria.
Mas o povo entende uma parte dela.
A outra, ele considera "intelectual".