segunda-feira, outubro 27, 2008

Rapidinhas Intercon 2008

Sem saudade das vitrines ambulantes da Apple

No ano passado, era incrível a quantidade de manés desfilando Apple: Macbook no colo; Ipod pendurado no pescoço e o Iphone na mão. Personificações do gadget. Nesse ano, a coisa melhorou. O pessoal só se ateve ao uniforme cult: calças xadrez e óculos de armação preta. E só. Que avanço!

Sem contar os manés do fone. Quando a palestra era na esquerda, rádio no canal 1. Na direita, canal 2. E quando era uma só no meio? Tira o fone, idiota! Mas, não. Reclamaram tanto que o rádio não funcionava que quando deu certo, não quiseram tirar de jeito nenhum! Acho até que alguns pagaram os U$S 250 só pra levar o rádio como souvenir do evento.

E o meio ambiente?

Evento em São Paulo = papel. Muito papel. Eu me perguntei se o Luli se vestiu de lixeiro em função disso.

No ano passado, a Dial Host fez uma mega sacola e engoliu todo o material promocional dos concorrentes. Nesse ano, a Uol fez uma sacola ainda maior que a da Dial Host e obteve o mesmo sucesso. Me preocupa o tamanho da sacola no ano que vem. Uma tristeza para carregar e dentro delas, papel. Muito papel. Onde estão os brindes criativos? E aquela velha preocupação com o meio ambiente?


Celebridades


Cazé estava na platéia. Mas, quem é ele diante de Luli Radfahrer, Cris Dias, Fábio Seixas, Michel Lent e Cia? Quase passou batido.

Web Fascismo

No geral, está um tal de palestrante perseguir platéia depois de evento, que me preocupa. Não se pode dizer nada, que já vem o palestrante via Twitter, e-mail, orkut, MSN, SMS: "Por que você não gostou da minha palestra? Heim? Heim? Tem que gostar! Minha mãe e meus amigos adoraram!"

Nerds

Estava eu, rélis mortal, longe de ser um mulherão, discutindo uma palestra que rolava no auditório, enquanto ouvia uma oficina de fotografia. Nem percebi que eu era a única mulher na roda de discussão. Mas, me irritou depois do quarto comentário a respeito. Natural, porque somente 25% do público eram mulheres. Mas, pensei: mulher. É lógico que isso foi o mais perto que esses caras chegaram de um exemplar. Por isso, o estranhamento. Sem graça, preferi voltar com o fone no ouvido. Pensei: "qual o problema de mulher discutir tecnologia?" Mas, pensando bem, ainda bem que me calei porque isso parece discurso de Marta Suplicy e Jô Moraes. Odeio feminismo tanto quanto o machismo.

Uma geralzona do Intercon 08

Merda acontece. Mesmo que os amigos digam o contrário.

No sábado passado, rolou o Intercon 2008, no auditório do Shopping Frei Caneca, em São Paulo. De início, pudemos notar que estava bem mais lotado que a edição do ano passado. E foi bem no início que os problemas começaram a aparecer.
Às 8h, o dia já estava estupidamente quente. No saguão do auditório, as pessoas se aglomeravam. Enfrentavam fila para o credenciamento e outra fila para pegar uns radiozinhos por onde ouviriam todas as palestras. No rádio, a piada: o extravio implica ressarcimento de U$S 250. No meio da crise econômica, a gente descobre a valorização dos produtos "made in 25 de Março". Com R$ 570, daria para comprar um super rádio, um que não sugasse a bateria no meio da palestra e lhe fizesse ir trocar duas vezes.
Depois do atraso, justificado pela dificuldade de linkar o áudio e o vídeo, o auditório foi aberto. Finalmente, o ar condicionado! As estrelas do evento Luli Radfahrer (vestido de lixeiro para representar o lixo na web) e Fábio Seixas davam as boas vindas. Pediam desculpas pelos inconvenientes. E mal sabiam que o pior estava por vir.

A idéia do evento era possibilitar o acompanhamento de duas palestras simultâneas: a principal e uma mais curta, chamada de FF. Ao mesmo tempo, também aconteciam duas oficinas: Photoshop e Programação (entenda oficina como um cara falando e a platéia assistindo). Tudo poderia ser acompanhado via rádio, com um canal para cada palestra.
Mas, quando começou, somente um canal funcionava. Nas oficinas, não havia microfones e o pessoal mais afastado do palestrante não ouvia nada. Ou seja: o jeito era ouvir a palestra principal e aguardar a organização do evento resolver o que seria feito. Paralelo a isso tudo, a internet rastejante da Dial Host. Simplesmente, não segurou o evento.
Muitos problemas aparecendo e a solução para acalmar os nervos foi um show de humor, do tipo stand up comedy dos Deznecessários. Um humor agressivo e cheio de palavrões gratuitos. Ou simplesmente, mal humor meu. Eu não sei, mas, não consegui achar engraçado o sujeito em cima do palco dizer pra mulher que saía do auditório: "e aí, gostosinha! Vou te comer de tal e tal jeito..." Mas, confesso que dei boas risadas nas mais leves e achei genial um "traficante gay super macho" como personagem.
Pausa para o almoço. Depois disso, o evento finalmente engrenou. As oficinas continuaram sem microfones, mas, poderia-se ouvir as palestras em alto e bom som. E foi então, que o Intercon começou a dizer a que veio.
Resumidamente (depois, nos aprofundaremos em cada assunto), as últimas palestras sobre inovações foram excelentes. E acabaram por revelar um inconveniente grave da nova proposta: enquanto de um lado, as palestras eram leves e interessantes, do outro, expunha um especialista da Oracle ao ridículo. Uma palestra extremamente descontraída competia com uma muito técnica. Resultado: 99% do auditório olhava para a direita, enquanto, na esquerda do palco, um palestrante encerrava sua palestra sem um aplauso sequer.
A idéia de ouvir duas ou mais palestras ao mesmo tempo é polêmica. Não é impossível, mas, por mais multimídia que seja o ser humano, não há como prestar atenção em tudo. Uma coisa é usar o computador, ouvir música e ver TV. Outra é tentar prestar atenção em duas palestras que lhe despertam igual interesse (e ao mesmo tempo, ouvir uma oficina). "Quando o evento é bom, a gente nem se lembra de tudo, só se lembra de que é bom", dizia o Luli. Eu entendo o que ele quis dizer, mas, prefiro sair de uma palestra, de uma aula, de um livro, o que for, lembrando do que eu vi. Não é para isso que a gente se dispõe a procurar conteúdo? Ainda bem que há a disponibilidade de ver os vídeos e rever as palestras. Só não cola essa idéia de alguns cults da platéia de que se você não acompanhou os três eventos, obviamente tem problema mental. A própria organização deixou claro que o interessante era a experiência do ao vivo.
O FF se encerrou com lágrimas emocionadas do Luli, que se dizia orgulhoso em participar do primeiro evento do mundo a reunir duas palestras em um mesmo auditório.
Para encerrar o evento, a dinâmica palestra dos Fat 5. Em poucas vezes, vi palestrantes tão empenhados em fazer algo interessante para o público. Mas, pena que não houve tempo para fazer tudo que organizaram. Era visível a decepção deles (e a do público também). Mas, ainda assim, foi muito interessante.
Ao final, sorteio de brindes. Depois, fila para entregar os rádios, pegar os certificados e deixar o local. Mais um pouco de "calor humano".

Fiz essa descrição detalhada não para destruir a imagem do evento, mas, para demonstrar que houve problemas graves e que nem todos se devem ao serviço prestado pelos técnicos de áudio (por mais que a liga de blogueiros amigos insista em colocar panos quentes na situação). A postura da Imasters de não negar que os inconvenientes aconteceram e mostrar que estavam empenhados em resolver, foi bem acertada.
Ouvi algumas pessoas dizerem que "para inovar é preciso errar etc", mas, coincidentemente, eram as mesmas pessoas que criticavam o NBC08. O que nos faz lembrar daquela velha máxima: "que não atire pedra quem tenha o telhado de vidro".
Merda acontece. Todo mundo sabe. Principalmente, quando se tenta inovar. É claro que uma forma diferenciada agrega valor ao evento. Mas, não se pode deixar que "os erros de uma proposta inovadora" prejudique o principal: o conteúdo.
No ano passado, as palestras foram apresentadas de modo "tradicional", divididas em dois dias. Não houve falhas e todos saíram muito satisfeitos. Nessa edição, quase que o Intercon joga por água abaixo a boa imagem do primeiro ano (já que houve tantas falhas de terceiros). É preciso equilibrar os riscos e às vezes, aceitar que o mais simples pode não trazer fama, mas pode ser o que trará o melhor resultado.
Mesmo com os inconvenientes, o Intercon 08 foi uma experiência muito interessante e espero que no ano que vem seja melhor. Mais adiante, aprofundaremos nas melhores palestras. Aguarde!

Fotos de Rafael Damasceno.

sexta-feira, outubro 24, 2008

Psicoses coletivas

"Na minha sala, havia um triângulo amoroso: uma garota e dois amigos. A garota hora ficava com um; hora com outro. O clima entre os dois amigos ficou pesado.

O dono da escola, também formado em Pedagogia, ficou preocupado e resolveu conversar com a garota. "Numa hora, os dois vão sair no tapa. O que é muito triste porque eles são amigos, blá, blá, blá...", disse.

Mas, parece que ver dois homens brigando por ela parecia ter-lhe inflamado o ego. Mais, ela incentivava "a briga por amor".

E como se esperava, um dos dois perdeu o controle. A partir daí, era comum ver dois dos três se estapeando no corredor. O que incluía a menina, claro.

Até que o professor a chamou de volta para a conversa e disse: "escuta, acho que você não está entendendo a gravidade da situação. Isso não é amor, é paixão doente. Numa hora, o fulano vai surtar, vai matar o amigo, você e se matar em seguida. Não se brinca com os sentimentos dos outos e muito menos com a insanidade dos outros", disse.

Passaram-se uns anos, a menina escolheu um deles: o mais louco. Eles se casaram e numa noite, por ciúme, ele a matou e se matou em seguida".

Anos depois, o narrador da história se tornou professor. Disse ter visto "esse filme" inúmeras vezes. E, então, pôde concluir:


"a escola sabe quem são os maníacos potenciais, aqueles que vão estampar as páginas policiais no futuro. Mas, é muito difícil para os pais aceitarem que os filhos têm problemas. É difícil encaminhar um filho para um psicólogo porque no fundo, os pais sabem que vêm deles, parte do problema. A família então se isenta e os filhos passam a ser problema do Estado".


E de fato, é o que acontece.

Enquanto José Padilha e Rodrigo Pimentel lembram da culpa do Estado, ouvi no dia seguite, alguém lembrar que segurança pública é também algo a ser construído e mantido dentro de nossas próprias casas e em cada uma das instituições sociais.

quarta-feira, outubro 22, 2008

Esclarecimentos

Informo que o blog não acompanhará dessa vez os debates do segundo turno das eleições à PBH, realizados pela Alterosa e Rede Globo. Infelizmente, nas respectivas exibições, estarei em São Paulo, preparando as postagens do Intercon 2008. Porém, ressalto que o AVT continua a incentivar o compromisso cidadão e a discutir, dentro do possível, as últimas notícias que antecedem o anúncio do novo prefeito. Continuarei a acompanhar os debates porém, via Twitter.

Convido todos a novamente participarem das discussões, seja onde for. Torço para que votem no domingo, seguros de que hajam parado para analisar as propostas dos candidatos e que ao menos considerem a possibilidade do voto nulo, caso concluam que nenhuma das opções seja a melhor para a cidade.

Aproveito para agradecer todo o apoio dado ao blog. Espero que as discussões tenham sido úteis para mostrar que só não discute política, religião, opção sexual ou futebol aquele que não sabe respeitar a opinião alheia, não tem argumentação suficiente ou não se importa. Fico muito feliz que os leitores do blog - ao contrário dos nossos candidatos - tenham tido o equilíbrio ideal para fazer debates de forma democrática e respeitosa. Agradeço também a todos que apóiam o blog, mesmo não tendo tempo para postar comentários.

Por fim, feitos os agradecimentos, declaro que o AVT apóia o professor Massote e é contra qualquer forma de censura que se possa fazer à blogosfera, um dos poucos espaços em que a imprensa mineira pode ser livre.

Abraços a todos,

Pri!

O Fracasso da Polícia é dos Políticos

Texto de José Padilha* e Rodrigo Pimentel*, veiculado na internet. Sugestão do professor Flávio Boaventura.

No fim, são os políticos os principais responsáveis pela repetição de tragédias como a do ônibus 174 e do seqüestro em Santo André.

Não são apenas as ocorrências mal administradas, cheias de erros primários e ilegalidades que demonstram a necessidade de uma reforma da segurança pública no Brasil. (...) nossos políticos, apesar de conhecerem os dados, têm se mostrado incapazes de realizar tal reforma (...)

Em conversa informal com agentes do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), descobrimos que eles estão desolados com o desfecho daocorrência, que custou a vida de uma pessoa e feriu outra; e revoltados com os políticos, devido ao descaso que têm com a unidade, exposta ao ridículo com o fracasso da operação. Afinal, se o Gate dispusesse do equipamento necessário para administrar uma ocorrência desse tipo, como uma microcâmera de fibra ótica, saberia que o seqüestrador tinha encostado um armário de TV e uma estante na porta de entrada do apartamento. Saberia que seqüestrador e reféns não estavam na sala, mas no quarto. Saberia que uma invasão pela porta da frente daria tempo para o seqüestrador atirar nas reféns. Mas, o Gate não sabia de nada disso e perdeu preciosos segundos abrindo a porta. Se o Gate dispusesse de escada com alcance para que um policial pudesse entrar no apartamento pela janela, poderia ter evitado a tragédia. Mas, a escada do Gate, como atestam as filmagens, era curta demais.

Se os policiais do Gate fossem bem treinados, não teriam deixado que uma menina de 15 anos, libertada pelo seqüestrador, voltasse a ser prisioneira. Não teriam demonstrado tamanha incompetência e desconhecimento legal. Mas, os policiais do Gate, como os do Bope e do resto do país, não recebem treinamento adequado.

Quando trabalhamos no documentário “Ônibus 174", sentimos a mesma revolta por parte dos policiais do Bope, que, em sua maioria, odeiam os políticos a quem servem. André Batista, colaborador em “Tropa de Elite” e negociador do Bope na malfadada ocorrência, deu o seguinte depoimento para o documentário: “Naquele momento, a gente viu que faltava muita coisa. As coisas que a gente vivia pedindo, os equipamentos, os cursos, parece que naquele momento, tudo desabou.” Ouvimos, virtualmente, a mesma coisa do Gate.

Chegamos, assim, a uma conclusão absurda. Concluímos, parafraseando Nietzsche, que é preciso defender os nossos policiais dos nossos políticos! Afinal, quem são os nossos policiais? E o que o Estado, administrado pelos políticos eleitos, fornece a eles?

Tomemos como exemplo um policial carioca. É um sujeito mal remunerado, mal treinado, que trabalha em uma corporação corrompida por dentro. Isso é o que o Estado lhe dá. E o que pede em troca? Que mantenha a lei. Em outras palavras, que entre em conflito com os membros corrompidos da sua corporação e com os bandidos fortemente armados da cidade. Ora, não é à toa que o capitão Nascimento, refletindo um sentimento comum entre os policiais do Bope, tenha dito que “quem quer ser policial no Rio de Janeiro têm que escolher. Ou se corrompe, ou se omite, ou vai pra guerra.”

Em São Paulo, não parece ser muito diferente. Não esqueçamos, pois, o ano de 2003, quando o então secretário nacional de Segurança Pública, o sociólogo Luiz Eduardo Soares, estava prestes a conseguir a reforma que nossos policiais sérios tanto pedem. Ele tinha participado da elaboração de um plano de segurança pública que previa um piso nacional decente para o salário dos policiais, a integração da
formação e das plataformas de informação das polícias estaduais, o repasse de recursos federais para os Estados condicionado à reforma de gestão e ao controle externo e a desconstitucionalização da segurança pública, dando autonomia para que os Estados reformassem as polícias de acordo com as realidades locais.

Apresentou o plano ao governo federal com a assinatura de todos os governadores. E o que fez o governo? Desistiu. Nem sequer apresentou o plano ao Congresso. Não o reformulou, optou pela passividade. Segundo nos disse o sociólogo, por considerar que a reforma demoraria a dar resultado e que a opinião pública poderia responsabilizar o governo federal, e não os Estados, se eventuais tragédias ocorressem durante a implantação.

Evidentemente, não estamos culpando os atuais governos federal e estadual pelo desfecho do seqüestro em Santo André. Afinal, governos anteriores poderiam ter tentado reformar a segurança. O governo FHC, por exemplo, prometeu um plano nacional depois do ônibus 174. Estamos culpando os verdadeiros responsáveis: os nossos políticos como um todo, que há muito tempo sabem que precisam reformar a segurança pública para salvar a vida de milhares de brasileiros e que há muito tempo fracassam ao não levar essa tarefa a cabo. Um fracasso ainda mais vergonhoso do que o dos
policiais do Bope e do Gate.

José Padilha, cineasta, é diretor de “Ônibus 174";, “Tropa de Elite”, “Garapa”, entre outros filmes. Rodrigo Pimentel, sociólogo, é ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) do Rio de Janeiro, um dos roteiristas de “Tropa de Elite” e co-produtor de “Ônibus 174".

segunda-feira, outubro 20, 2008

Às Eloás que matamos dia após dia


Hoje, eu acordei com esse pensamento: cada circunstância de nossa vida é marcada pura e simplesmente pelas escolhas. A partir do momento em que a gente nasce, viver ou morrer são as duas opções. Não vai existir meio termo. As escolhas que fazemos são as Eloás que matamos ou salvamos, dia após dia.

Os alimentos que a gente ingere; os exercícios que faz (ou deixa de fazer); as ruas por onde passa; as pessoas com quem se envolve; os políticos que elege... Tudo é uma questão de escolha. E há quem acredite ainda que a gente selecione a família onde vai nascer, o que pode nos fazer pensar que as escolhas sejam feitas muito antes do imaginado.

O problema é quando escolhem por você. O Princípio Vital (ou whatever) escolhe os genes de cada pai e o de cada mãe, os combinam e formam o DNA de um novo indivíduo. Ninguém escolhe - ao menos até agora - qual gene vai adotar para si e do qual vai se desfazer. O Estado escolhe como vai aplicar os impostos que você paga; o acaso escolhe os números da mega-sena; "Deus escolhe quem vai para o céu e para o inferno"...De alguma forma, alguém ou algo faz a escolha por você. O que quer dizer que por mais que você tente, por mais que se trate da sua vida, algumas escolhas simplesmente não vão depender de você. Mas, a reação ainda é uma escolha. Isso contando que a previsão seja uma antecedente por direito.

Por mais que não pareça, a princípio, o assunto dessa postagem é o "Caso Eloá". O namorado que escolheu; a amizade que cultivou; a decisão de terminar o namoro; as palavras ditas dentro do apartamento; a volta da amiga ao cativeiro; a autorização ou não dos pais para a volta da refém; as famílias terem armas em casa; a cobertura da imprensa; a ação da polícia...ações, reações e omissões. Algumas dependiam de Eloá; outras, não. E quem pode dizer que foi ela quem mais tenha perdido?

Como jornalista, não cabe a mim julgar nada do caso. Não tenho acesso aos laudos; não sou psicóloga; muito menos tive treinamento para enfrentar situações de risco que envolvam um perturbado, reféns e armas de fogo. Talvez, por isso mesmo, eu não entrevistasse um seqüestrador ao vivo. Além de tudo, não pertenço ao Judiciário, a quem cabe o julgo da questão.

Mas, como ser humano, posso compartilhar o alerta: observe suas escolhas. O acaso pode levar à fortuna ou à desgraça. E o simples pisar de uma borboleta aqui, pode prejudicar alguém do outro lado do mundo. Você tem certeza de que tem feito as escolhas certas? Você saberia o que fazer quando da sua escolha dependesse várias vidas?

A gente pensa a situação como se estivesse longe do cotidiano. Como se fosse exclusiva de um chefe da polícia prestes a dar uma ordem de invasão. Mas, na verdade, essa escolha nós fazemos o tempo inteiro. Não é por essa situação que passa qualquer um que deseje construir uma família? Não é por essa situação que passa alguém que doe alimentos, agasalhos ou que preste serviços sociais? Não dependem também desses a vida de muitos outros? "Um giz mata mais que arma de fogo" dizia um professor meu. E eu tenho certeza de que ele não estava se referindo àquele produto paraguaio para matar baratas.

Enfim...efeito borboleta, teoria do caos, destino, acaso, ocasiões...Escolhas. É de Eloá e principalmente disso que se trata essa postagem. Porque viver é fazer escolhas. E essa é uma das poucas certezas que eu tenho na vida.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Eleições (10) - Pesquisa Ibope

A Rede Globo e O Estado de São Paulo divulgaram hoje uma pesquisa do ibope sobre o segundo turno da eleição para a PBH.

Leonardo Quintão tem 51% das intenções de votos. Márcio Lacerda tem 33%. Votos brancos e nulos somam 6%. E os eleitores que não sabem ou não responderam, 9%. A pesquisa ouviu 1.204 eleitores na capital. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Muito bem. Só não entendi uma coisa: o que significa o 1% que falta?
(51% + 33% + 6% + 9% não somam 99%?)



Imagem da matéria divulgada hoje no MGTV 1ª edição.

terça-feira, outubro 14, 2008

Eleições (9) - E daí, se for?

Já falamos do baixo nível das campanhas, principalmente, em São Paulo. Até então, as discussões eram de natureza moral. Mas, agora, a discussão passou a ser sobre a opção sexual dos candidatos. E de sexo, a Marta diz que entende.

Hoje, na sabatina de perguntas feitas pela Folha de São Paulo ao candidato Kassab, era quase impossível fugir da pergunta: "o senhor é homossexual?" A dúvida pairou pela cabeça da população depois que a candidata oponente, Marta Suplicy, retirou de sua campanha uma propaganda televisiva com frases que poderiam levar à essa interpretação. A propaganda incentivava a população a conhecer o candidato e indagava: “sabe se ele (Kassab) é casado? Tem filhos?” (Tentou-se justificar a especulação pelo fato de Kassab ter chegado aos 50 anos e não ser casado).

Acurraldo, o candidato não só negou, como defendeu seu "sex appeal": "o que há de mulheres querendo se casar comigo..."

"Ainda bem que os marketeiros da Marta retiraram essa propaganda do ar, heim?" O que naturalmente não fez diferença alguma já que a repercussão foi quase a mesma. Desistir de veicular essa propaganda limpa a imagem de Marta Suplicy; a livra da acusação de baixar o nível do debate?

É problema um homem chegar aos 50 anos solteiro? Esperavam que ele fosse arrumar uma namorada de fachada, filhos, animais domésticos...tudo para sustentar a moral e os bons costumes da família aos 45 minutos do segundo tempo?

Um prefeito assumidamente gay no Brasil. O que mudaria? Chegaria a ser eleito?

segunda-feira, outubro 13, 2008

Eleições (8) - Debate da Band

E A CULPA É DA INTERNET

Se eu não tivesse assistido ao debate, iria pensar que toda a imprensa mineira se articulou a favor de Lacerda. Não seria novidade, mas, penso que ainda exista alguns gatos pingados não patrocinados por Aécio.

No debate da Band, ontem, Lacerda realmente levou a melhor sobre Quintão. Mais agressivo, partiu para o ataque. Abandonou a postura defensiva que adotou no debate da Globo.

Um dos momentos de destaque foi a pergunta sobre a experiência adversária em gestão:

"Leonardo, em uma entrevista sua ao jornal 'O Globo', no último dia 7, o senhor afirmou - ou está escrito lá que o senhor afirmou -: 'Pegaram uma pessoa que nunca havia sido nada e quiseram transformar em prefeito da capital'. Muito bem. Prezado eleitor, eleitora, eu tenho 62 anos de idade; fui secretário de Desenvolvimento do governo Aécio; trouxe 30 bilhões de investimentos para Minas Gerais; fui secretário-executivo do governo Lula no Ministério da Integração; sou formado em administração de empresas e tenho uma larga experiência. Aí, eu pergunto para o candidato Quintão: qual é a experiência executiva, de gestão, que o senhor tem ao longo da sua vida, que o credencia a gerenciar uma cidade do porte de Belo Horizonte, com um orçamento de 7 bilhões de reais e uma população de 2 milhões e 400 mil habitantes?"

Quintão respondeu que foi deputado federal e estadual. Disse que é na Câmara e na Assembléia é que se adquire experiência. Lembrou que essa inclusive foi uma declaração do Governador.

Os ataques a Quintão também vieram da imprensa. Eduardo Costa, da Itatiaia, "imparcial como deve ser a imprensa", perguntou ao candidato como ele se livraria do trauma que as demais administrações do PMDB trouxeram à BH. Quintão foi objetivo: "eu, sou eu. (...) Você tem que perguntar isso para o Itamar Franco". Lembrou que as citadas administrações foram há mais de 30 anos e que cada partido tem seu problema. Cabe então ao eleitor fazer a escolha.

No final, Quintão elogiou o bom nível dos debates em BH. E comprometeu-se a continuar sem ofensas ao adversário. Lacerda, então, partiu novamente para o ataque. Disse que Quintão discursa contra o baixo nível, mas, que em nada foi solidário a Lacerda, quando cartazes com acusações de "mensaleiro" foram espalhados pela cidade. O "candidato da aliança" reclama também da campanha feita por Quintão para que os eleitores acessassem a internet, meio em que as mensagens contra Lacerda foram espalhadas.

Quintão se explicou dizendo que pediu para os eleitores conhecerem as propostas e por isso, acessassem a internet. Sobre os cartazes, disse: "eu se fosse você, nem comentava isso. (...) Ninguém viu esses cartazes. (...) Eu não vi até hoje".

E Lacerda continuou com o discurso de que não era mensaleiro; de que tinha um documento assinado por Osmar Serraglio, deputado federal e relator do PMDB, e Delcídio Amaral, senador e presidente da CPI, comprovando sua inocência. Ressaltou que a família dele está sofrendo com as acusações e que perdeu muitos eleitores por causa dessa "difamação feita pela internet".


Crédito da imagem: blog do Caio César.

sexta-feira, outubro 10, 2008

Eleições (7) - Começa a disputa por 2010

Serra, Aécio ou Nulo?
Pesquisas apócrifas apontam Nulo como o melhor candidato à presidência


As eleições do último dia 5 deram o ponta-pé inicial para disputa pela presidência em 2010. Na verdade, as campanhas de Aécio e Serra começaram muito antes, mas, os primeiros resultados puderam ser vistos na mídia agora.

Segundo a revista britânica Economist, Serra - que já era o favorito do partido - saiu fortalecido no PSDB. O apoio dele a Kassab - que venceu, surpreendendo aqueles que apostavam em Marta Suplicy e Geraldo Alckmin - surtiu muito mais efeito do que o escancarado apoio de Aécio a Lacerda.

(Ao que parece, ainda que resulte na eleição de um mensaleiro, o segundo turno em BH realmente trouxe benefícios e espero que realmente faça a população pensar mais um pouco.)

O artigo da Economist conclui que a transferência de votos de um político para o outro parece não funcionar mais tão bem no Brasil.

(A princípio, o que vai funcionar bem na disputa de Aécio e Serra mais uma vez será o voto nulo.)

Mais sobre o artigo da Economist, no G1.

quinta-feira, outubro 09, 2008

O que você faria?

Suponhamos que você tenha um blog muito lido. Uma fabricante de celulares lhe oferece um passeio de helicóptero por SP e um celular para teste. Deixa claro que você é livre para escrever o que quiser sobre o telefone e o passeio. Também diz que você é livre para não escrever coisa alguma. Ao final, ela lhe dá o telefone de presente.

Você aceita o convite? Aceita o convite, mas, recusa o telefone, temendo que seu público pense que "você se vendeu à fabricante do aparelho"? Aceita os dois e não escreve nada? Aceita os dois e tenta fazer uma crítica verdadeira, podendo perder a próxima boquinha? Aceita os dois e faz um jabá descarado no blog?

A discussão é velha no Jornalismo, mas, aconteceu na blogosfera. E novamente levantou discussões éticas. Alguns blogueiros e alguns leitores se revoltaram com a proposta.

A fabricante de celular lucrou com uma estratégia voltada para um público direcionado e uma propaganda "espontânea". Os blogueiros lucraram com um passeio e um celular. Mas, e a audiência dos blogs, lucrou em alguma coisa?

Nas mídias tradicionais, essa troca de jabá (ou não) é recorrente. Normalmente, o editor de cultura recebe entradas para o cinema ou teatro. Aceita, vai e escreve a crítica. Os repórteres de veículos vão a mega eventos de lançamentos, com direito a hotel 5 estrelas, praia paradisíaca, comida e bebida liberada, entre outros brindes sofisticados. Aceitam, se lambuzam e escrevem a crítica.

Mas, também há quem condende. Em 2005, a Warner deu ipods com músicas do novo cd da Maria Rita para jornalistas ouvirem e escreverem a crítica. Alguns ficaram ofendidíssimos e recusaram o agrado.

Agora, semelhante às discussões jornalísticas, um novo código de ética censura brindes para os médicos. Repudia qualquer regalia, que geralmente vem da indústria farmacêutica.

Eu pergunto: é condenável ou não aceitar brindes? Ainda que inconsciente, há uma influência do evento na crítica do jornalista ou na indicação de tal remédio por um médico? Ou o profissional sabe separar o jabá do compromisso social?

O que você faria se estivesse no papel do médico ou do jornalista? E se estivesse no papel do Relações Públicas ou Publicitário que criou a estratégia? E você, como leitor e paciente, deixaria de confiar em uma informação dada por um jornalista ou médico nessas circunstâncias?

segunda-feira, outubro 06, 2008

A experiência de mesário

Eu pensava que seria bem ruim. Mas, foi péssimo. Horrendo. Uma experiência que ninguém precisa passar para ver como as coisas andam erradas no Brasil. O abuso de poder está em tudo: desde o processo eleitoral em si até o PM que usa a farda (em dia de folga) para furar fila.
Na seção eleitoral ao lado, um sujeito chega às 10h (quando, na verdade, deveria ter chegado às 7h, como os outros) pega o crachá de mesário, enfileira umas cadeiras, deita e dorme. Mas, em vez de revolta, o sentimento dos companheiros, "funcionários onorários da Justiça Eleitoral", é a indiferença. "No ano passado, ele chegou bêbado. Nesse ano, se disfarçou de mendigo. Não adianta. A gente sabe que quanto mais a gente reclama, mais tempo fica aqui, de castigo", disse um mesário que há quatro eleições (oito domingos) tenta se ver livre da lista da Justiça Eleitoral.
Eu pergunto: a pessoa que é obrigada a ser mesária fez algum crime para ser punido pela Justiça Eleitoral? Qual é o critério para se compor essa lista? E por que não há um revesamento? Por que obrigar o sujeito a ir trabalhar a contra-gosto por quatro eleições? Por que em dezesseis anos essa lista não mudou? Ou seja: enquanto, nas eleições, se faz todo um discurso de "abuso de poder" porque governador e prefeito tentam eleger um candidato, a própria JE faz questão de demonstrar que é assim mesmo que a banda toca.
Para consolo, dizem que o mínimo que se pode ser convocado a ser mesário agora é "três eleições". Isso muda alguma coisa? Isso faz com que aumente o número de voluntários?
Não. E eu digo o porquê. O sujeito é obrigado a trabalhar de 7h às 18h, somadas às horas que já trabalha durante a semana. Isso é muito mais do que o permitido pela legislação brasileira. "É por isso que se tem a folga", alegam alguns. Mas, e se o cara é trabalhador autônomo? E outra: somente os funcionários públicos conseguem tirar os seis dias de folga a que têm direito. Para a grande maioria dos mesários, pensar em exigir as folgas pode se tornar demissão a médio prazo.
Outra coisa que afasta os voluntários são as péssimas condições de trabalho. Para alguns, as 11h de trabalho significam fome, sede, cansaço e bexigas cheias. Como parar a votação para ir ao banheiro?
Em algumas seções, os mesários ainda são xingados pela demora nas filas e "pela ausência de mais urnas". Como se os "escravos da Justiça Eleitoral" pudessem fazer algo. Como se eles mesmos não desejassem que coisa andasse rápido e terminasse logo.
Para comer, é outro sacrifício. Os mesários recebem um "vale refeição" no valor de R$ 12, mas, não há a menor preocupação em se há algum estabelecimento comercial aberto. A solução é ir comer em casa (e os outros mesários que se virem); não comer ou tentar comer o próprio vale refeição.
As salas de votação parecem uma fornalha e o bebedouro mais próximo está no final do corredor. O jeito é se virar com aquela garrafa d' água de casa, que a essa hora está mais quente que xixi.
No final, a Justiça Eleitoral dá um agrado aos mesários: uma caneta. Depois de passar o dia com sede, com fome, com calor, cansado...você ganha uma caneta. É por isso que a lista de voluntários fica vazia. Não há o menor esforço para incentivar o que eles chamam de "compromisso cidadão". E não há o menor esforço para mostrar que o "compromisso cidadão" não pareça um castigo.
É por isso que a gente continua vendo mulher grávida sendo obrigada a ser presidente de seção eleitoral (como foi na minha). E é por isso que em 355 eleitores de uma seção, ninguém se candidata por livre e espontânea vontade a ser mesário nas próximas eleições.


Pelo menos, pude fazer algumas outras constatações:
não são os idosos quem atrasam as votações (eles inclusive fazem fila às 7h da manhã, enquanto, nem os funcionários da JE chegaram ao prédio. Demoram mais tempo para atravessar a sala e chegar à urna do que para votar);
são os indecisos quem atrasam a votação (gente que quer decidir na hora, em quem votar. Gente que esquece o número do candidato e volta lá fora para pesquisar na lista o nome e o número do sujeito. Gente que esquece e volta lá fora para perguntar a fulano ou a ciclano quem era mesmo o candidato em quem deveria votar);
as fotos dos vices contribuíram para o atraso (por que agora, neguinho quer brincar de ver a foto dos outros vices. Vota, cancela, vota em outro, cancela...só para brincar de apertar botãozinho de urna, o que me faz pensar que deveria haver video-games gratuitos distribuídos à população ou máquina de fliperama com ficha gratuita na porta de cada seção);
mãe que leva criança para apertar botãozinho de urna contribui para o atraso (é o que dá professor de escola primária insistir que videogame faz mal. Antes, deixar o moleque em casa, apertando botão de manete);
pessoa que vai votar sem título (com carteira de identidade) atrasa a votação (mesmo que as propagandas televisivas incentivem a votação sem título. Com ele, é fácil: enquanto o eleitor assina, o presidente lê o número no documento e digita. Com a carteira de identidade, o mesário espera o eleitor a assinar, dita o título para o presidente, que então, digita).
pessoa que não faz a menor idéia de onde vota atrasa a eleição (pq faz os mesários procurarem na lista se tal nome consta naquela seção ou não. Enquanto os que realmente constam, precisam esperar o mala descobrir onde vota);
pessoa que marca a zona eleitoral pelo desenho que havia na porta atrasa a eleição ("uai, mudou? Antes, tinha uma plaquinha azul na minha seção. Agora, não sei onde voto." Parece idiota, mas, acontece mais do que você imagina. E também acontece mais do que esses eleitores imaginam de uma escola infantil mudar o desenho da porta. Principalmente, em dois anos);
a lei seca não adianta porque continua não havendo fiscalizações e vários bêbados comparecem às urnas (e tentar impedir o mala de votar demora mais do que ele ir lá votar e sumir logo dali);
a boca de urna também continua pelo mesmo motivo; ("e por que ninguém denuncia?" Por que a fiscalização não prende também a pessoa que contratou aquele pobre coitado que ganha salário mínimo e faz qualquer bico pra sobreviver. Quando prende, ele logo consegue um jeitinho de fugir da situação);

Em suma, não é castigo. Mas, em algumas cidades, o mesário que não compareceu foi preso. A polícia foi buscá-lo em casa. Interrompeu o dia do sujeito que estava assistindo ao "Domingo Legal" e vendo o Gugu Liberato soltinho da Silva...

João Souza da Silva foi mesário nessas eleições e ficou puto. Mas, escreveu esse texto sorrindo porque o irmão dele, José Souza da Silva, é mesário desde que tirou título de eleitor.

quinta-feira, outubro 02, 2008

Eleições (6) - Mesa Redonda Parte 2/2

Debate entre os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte realizado ontem, pela Rede Globo.

ROUND 3 - Temas sorteados

Tema sorteado: Meio Ambiente
Jô Moraes pergunta a Leonardo Quintão quais são as propostas dele para o meio ambiente. Lembra, principalmente, dos córregos, que continuam sem tratamento em Belo Horizonte.
Leonardo Quintão diz novamente que não concorda com a venda de ações da Copasa pela Prefeitura. Explica que sendo acionista, a PBH teria mais condições de opinar e intervir nas ações da Copasa. "Agora, fica mais difícil", diz. Na seqüência, promete trabalhar em parceria com o governador. Ressalta que a Copasa faz um bom trabalho, mas, que tem deixado muito a desejar, principalmente, com tantos locais em que o esgoto permanece a céu aberto.
Jô diz que a prioridade do prefeito tem que ser com o saneamento básico porque cuidar de pessoas é fundamental. Lembra que é preciso cuidar da Pampulha, mas, assegurar educação ambiental a todos.
Quintão volta a falar da Copasa: "eu vou ser parceiro do governador. Mas, eu não vou ser submisso, não. Quero dar meus pitacos. A Copasa precisa fazer mais".

Tema sorteado: geração de empregos

(Após o sorteiro, Leonardo Quintão comemora: "esse tema é o melhor!" Isabella Scalibrini ri.)


Quintão começa dizendo que a PBH hoje tem um programa de geração de trablaho e renda que atende a 2 mil pessoas. Diz que como deuputado federal, tinha um programa que oferecia cursos profissionalizantes a 3600 pessoas. Promte atender a 150 mil pessoas, se eleito. E finalmente, pergunta a Márcio o que fará para gerar empregos, caso este seja eleito.
Márcio diz que além de treinamentos, tem que haver empregos. E que isso só se consegue melhorando a economia. "Tenho um plano de desenvolvimento. Mas infelizemente, não dá pra detalhar agora", diz. Promete criar vagas na PBH para aumentar o número de estagiários, principalemnte, para os estudantes do Pró-Uni.
Quintão se compromete a investir 1% do orçamento na capacitação de mão-de-obra. Justifica dizendo que há emprego, mas, as empresas precisam de mão de obra qualificada. E questiona o valor do investimento da PBH anunciado por Márcio: "São só R$ 235 mil, Márcio".
Márcio se justifica dizendo que citou dados fornecidos pela PBH e que não tem como dizer se estão certos. Volta à proposta, dizendo que as pessoas que se formam em BH precisam trabalhar na capital (e não migrar para outros estados em busca de emprego). Para isso, a solução é qualificar a mão-de-obra.


Tema sorteado: Educação

Márcio Lacerda escolhe perguntar a Sérgio Miranda: "como o senhor vê a formação nas escolas infantis?"
Sérgio Miranda diz que elas seriam prioridade em seu governo. Informa que há carência de 50 mil vagas nas escolas infantis da capital. "Investir é fundamental", diz. Continua, dizendo ter uma visão mais ampla sobre a educação. Para ele, é preciso "combater a vulnerabilidade social em áreas de conflito" e investir em "qualificação do ensino, socialização e proteção do estudante". Diz que há poucas escolas cujo turno seja integral. Mas, que em uma dessas, a que se situa na Pedreira Prado Lopes, o indíce alcançado hoje era o previsto para 2010.
Márcio promete criar mais 100 mil escolas infantis, o que vai gerar 44 mil vagas, eliminando o déficit. Também promete mais vagas nas escolas integrais. Mas, diz que antes, precisa dobrar os números de prédios e a quantidade de professores. Diz que a escola integral é um investimendo a longo prazo ao passo que a escola integrada é de curto prazo.
Sérgio Miranda se irrita e dispara: "você não vai criar 100 mil vagas. Vai criar 100, no máximo". E fala ao espectador: "a escola integrada é muito diferente da escola em período integral. No contra-turno da escola integrada, há monitores (que nem são professores) brincando com as crianças". Explica que a escola integral realmente é mais cara porque contrata professores "de verdade" para cuidar das crianças.


Tema sorteado: Transporte Coletivo

Sérgio Miranda pergunta a Gustavo Valadares o que este pretende fazer para melhorar o transporte coletivo.
Gustavo diz que é preciso ter um tranposte coletivo de qualidade, que seja ágil, barato e eficiente. Este transporte seria o metrô, "que precisa deixar de ser promessa". Gustavo diz que o metrô deve transportar um milhao de passageiros/dia, com a implantação das linhas dois e três. E propõe que a BHtrans deva agir como uma companhia gestora do tráfego. Nesse caso, quem fiscalizaria o trânsito seria a Guarda Municipal treinada para isso. No projeto de Gustavo, a Metrominas administraria o metrô, em parceria com a iniciativa privada.
Sérgio Miranda discorda dessa parceria. "A iniciativa privada não vai se interessar, enquanto o estado não injetar milhões", diz. Além disso, teme o aumento das passagens. Informa que 1/3 da população anda a pé porque considera a passagem dos ônibus muito cara.
Gustavo diz que parceria público-privada é diferente de privatização. "É uma parceria em que o setor privado seja parceiro", 'explica'.

Tema sorteado: habitação
Gustavo pergunta a Jô qual é o projeto da candidata para reduzir o déficit habitacional.
Jô informa que o déficit populacional é um problema histórico. Deriva da explosão demográfica das décadas de 70 e 80. Fiz que falta estrutura urbana adequada. Promete trazer de volta o "Orçamento Participativo" para trabalhar a questão com o povo. Por fim, garante a construção de 10 mil novas casas.
Gustavo informa que em BH há 2 milhões e 400 mil habitantes. Destes, 500 mil moram em favelas. Diz que é preciso ampliar o programa "Vila Viva" e que a parceria com a Caixa Econômica Federal e com a Cohab é importantíssimo.
Jô concorda que a parceria com o Governo Federal seja importante. E finaliza: "é prioridade do meu projeto que recursos sejam aplicados na habitação".


4º ROUND - Tema livre

Márcio Lacerda começa dizendo que a aliança (que encabeça a candidatura dele) causou polêmica. Mas, que para muitos trouxe admiração e esperança. Ele, então, pergunta a Gustavo Valadares o que este pensa sobre a questão.
"Ao longo da minha campanha, disse aos quatro cantos da cidade que está muito claro: temos candidatos da aliança, os contrários e O que tem propostas", é a resposta curta e grossa de Gustavo. Diz que que tem uma visão crítica sobre a cidade. Informa que na década de 80, Belo Horizonte disputava com Curitiba o título de melhor cidade para se morar. Mas, depois, entrou em "franca decadência". "Precisamos recuperar esse título", diz. E conclui: "Minha aliança é com a população. Quero que ela escolha o candidato das propostas. Quero uma cidade melhor pra esta e outras gerações".
Márcio diz que a aliança foi feita para dar continuidade às melhorias. Destaca sua qualidade como gestor público. E conclui: "Me escolheram porque enxergaram que Márcio Lacerda será um excelente prefeito".
Gustavo retruca: "eu respeito sua trajetória e sua aliança, mas está havendo uma inversão de valores. o relacionamento do prefeito com o governador não deve ser exceção, tem que ser a regra".
Gustavo fala agora a Jô Moraes: "o atual prefeito no apagar das luzes da gestão propõe a mudança da rodoviária para o Calafate. Usa um projeto de 1980. É com esses estudos que a senhora quer comandar a cidade?"
Jô diz que a palavra é planejar. Propõe uma rota radial em que o centro não seja a base. E diz que a solução é construir três rodoviárias nas saídas Rio/SP/ES para não concentrar o trânsito no centro.
Gustavo diz que também é contra a transferência da rodoviáira para o Calafate e que concorda com a idéia das rodoviárias nas três saídas da capital. Diz que pretende criar um instituto de pesquisa e planejamento urbano, semelhante ao que há em Curitiba. Com isso, pretende resolver a falta de planejamento. "Quero obras pensadas hoje, mas, com conseqüências daqui a 50 anos", diz.
Por sua vez, Jô pergunta a Leonardo Quintão: "há uma crise política de representação (dos políticos) e muito disso é porque os projetos apresentados não correspondem aos anseios do povo. Tivemos uma grande conquista (na melhoria da imagem pública) que foi a vitória de Patrus e do Lula. O que fazer para melhorar a imagem dos políticos?"
Quintão diz que quer trabalhar em parceria com o presidente Lula e o governador Aécio Neves. E elogia o governador: "ele é meu amigo também. É gente boa, fez um bom serviço". Diz que as competências administrativas são aprendidas na Assembléia: "sendo deputado é que você consegue sensibilidade para admnistrar BH". E a coragem para enfrentar vaias e críticas diz ter aprendido nos debates realizados nas universidades. Novamente, promete atuar na parceria e não na submissão. E ressalta que as obras não vão parar: "é balela que obra vá parar. As obras vão continuar, mas, eu quero melhorar o resto também. Dá pra fazer".
Jô volta a alfinetar a aliança: "realmente, precisamos recuperar a confiança do povo. Não conseguimos entender como alguns líderes se consideram acima dos partidos. Vemos dois políticos usando o prestígio que têm para escolher um prefetio. É preciso reforçar nossas convicções na democracia".
E Quintão completa: "é, gente, as obras vão continuar. São recursos do governo federal. Mas, também quero invesitir em gente". E aproveitando a própria deixa, pergunta a Sérgio Miranda: "Sérgio, você acha que se determinado candidato ganhar, as obras vão parar?"
Sérgio Miranda diz que a questão das obras "tem que se escancaradas". Diz que as obras são maqueagens porque as realmente essenciais ainda não foram feitas. "São simplesmente vias paralelas", diz, referindo-se à Antônio Carlos e as obras da Linha Verde. E pergunta o que está sendo feito para melhorar as regiões do barreiro, leste e noroeste. Fala ao espectador: "as obras vão continuar, mas, vamos tratar das estruturantes, como as do Anel Rodoviário e metrô". Diz que o Anel Rodoviário "é a Contorno de 50 anos atrás." Também lembra dos freqüentes acidentes: "aquilo é via da Morte!" Propõe um anel metropolitano, fazendo um "rodo anel" (para tirar o tráfego intenso do meio da cidade) e trabalhar o metrô metropolitano.
Quintão volta a falar com o espectador: "está na hora de você decidir. As obras vão continuar porque são recursos do governo federal, do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Isso não é novidade de nenhum governo". Por fim, além de se comprometer a continuar as obras diz que vai investir na qualidade de vida. "O que me dá alegria é cuidar de gente e R$ 45 milhões resolvem isso. Com R$ 5 bilhões não dá pra fazer nada?", questiona.
Sérgio Miranda diz que a luta pelo metrô é fundamental e que é preciso uma mobilização política. Defende que problemas não serão resolvidos no interior da prefeitura. "Por isso, prefeito não pode ser gerente. Tem que ser líder político", conclui. E direciona-se a Márcio Lacerda: "o Ministério Público julga a sua campanha por abuso de poder político e poder econômico. Qual a diferença que você vê entre legalidade e legitimidade?"
Márcio explica que "legitimidade é definida pela realidade política, por opinião, ética e moral aceitas pela maioria". Diz que não há abuso de poder na aliança. "Disseram que há abuso de poder porque o governador disse que vai investir milhões (na próxima prefeitura), mas esse compromisso é independente de quem assuma (a PBH). O governador tem absoluta certeza de que as obras vão continuar, se Marcio Lacerda ganhar. Isso porque confia em mim", diz em sua defesa.
Sérgio diz que legitimidade e legalidade são profundamente diferentes na política. Legalidade seria fruto da decisão judicial. Explica que se for considerada ilegal a presença do governador na campanha de Márcio, quebraria a legitimidade da eleição, o que para ele é mais importante. E fala a Márcio: "caso você seja eleito, estará ameaçado a ser cassado".
Márcio novamente se defende: "há uma ação, como existem milhares de outras em cada campo. Cabem aos juízes definir isso. Estamos absolutamente certos de que vamos ganhar em todas as instâncias. E eu não serei ameaçado como prefeito".

CONSIDERAÇÕES FINAIS


"Olha, gente, mto obrigado. (...) Foi um prazer estar aqui, debatendo, levando as propostas pra vc. Estou pedindo seu voto. Pense. Veja minhas propostas na internet.(...) Participei de todos os debates, aprendi muito.(...) Vou continuar todas as obras. Mas, eu quero cuidar é de gente. A sáude e a educação precisam melhorar. Te encontro no 2º turno. Me ajuda aí, que nós estamos juntos."

"Essa foi uma bela campanha. Foi um reecontro com essa BH que luta, tem fé, trabalha. Vi pessoas que contribuíram com a minha campanha. (...) Ontem, o TSE me deu uma grande alegria. Julgou que eu tinha razão nas minhas ações. (...) Me ajude a ser a primeira mulher a se tornar prefeita de BH".

"Essa foi uma candidatura de propostas. Nem de aliança, nem contra ela. Propostas. Quero uma melhor qualidade na educação. (...) É para isso que sou candidato. Quero fazer dessa cidade, a melhor para se viver. Confio na mudança. Confio numa BH mais justa".

"Eleitor, é você quem vai decidir essa eleição. Ninguém vai decidir por você. Eu vim pedir seu voto. Me sinto em condições de dirigir a cidade. Conheço a administração publica e interpreto os sentimentos da maioria. (...) Tem que mudar e essa mudança tem que ser feita por uma pessoa que mereça sua confiança. (...) Quero uma BH mais justa para a maioria".

"(...) obrigado aos adversários pela presença. Rodei pela cidade. Conversei com muita gente. Me emocionei com o contaoto pessoal. Estou panfletando nas portas das universidades, me comprometendo a ir lá depois. (...) O Governador e o Prefeito me escolheram porque acreditam que eu sou o melhor".


O QUE CADA CANDIDATO ACHOU DO DEBATE
Entrevista concedida à Rede Globo, logo após o término do debate.

Márcio Lacerda - "Foi bom. Espero que seja o 45".
Lenardo Quintão - "Olha, gente, vai lá caladinho, só você e a urna e vota 15".
Sérgio Miranda - "Os acontecimentos recentes da política vão dar consciência ao eleitor.
Gustavo Valadares - "Estou muito satisfeito". E ressalta que foi o candidato das propostas.
Jô Moraes - "Essa foi uma eleição desigual, mas, eu vou ser a primeira mulher a se tornar prefeita. Vamos para o segundo turno!"

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Eleições (5) - Mesa Redona, parte 1/2

Debate entre os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte realizado ontem, pela Rede Globo.

1º ROUND
Tema sorteado: segurança pública.
Gustavo Valadares começa perguntando a Márcio Lacerda o que este fará para reduzir a criminalidade, se for eleito. Lacerda diz que a Prefeitura tem feito um bom trabalho e que a criminalidade reduziu, principalmente, no centro da capital. Sugere uma tropa semelhante à Guarda Municipal para auxiliar as polícias civil e militar. Deseja ampliar o programa "Olho Vivo", principalmente, em Venda Nova e Barreiro. E incentivar programas de capacitação profissional e lazer para os jovens.
Gustavo responde dizendo que também quer criar uma tropa para ajudar as polícias civil e militar.
Márcio diz que a PBH já tem tropa semelhante. E lembra que também é preciso reduzir a violência sofrida pelas mulheres em casa.

Tema sorteado: Saúde.
Márcio pergunta à Jô Moraes se a aliança (que gerou a candidatura dele) pode resolver o problema da saúde. Jô diz que a campanha de Márcio uniu partidos de visões totalmente diferentes. Um lado que privilegia privatizações e o outro, que busca atrair recursos para projetos assistencialistas.
Márcio acusa Jô de perseguir a aliança e de tentar ganhar a eleição no "tapetão". Jô se defende dizendo que a democracia exige condições iguais e respeito alheio. Sobretudo, às normas construídas. E lembra que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) proibiu a participação do governador Aécio Neves nas campanhas.

Tema sorteado: tributos municipais.
Jô pergunta a Sérgio Miranda quais seriam as propostas orçamentárias dele para as políticas sociais. Sérgio diz que justiça tributária é a questão - chave. E parte para o ataque ao IPTU e à BHTrans. Diz que o imposto é fora da realidade e que a BHTrans se tornou uma empresa que exorbitou multas para engordar os caixas da prefeitura (acusou a empresa de premiar os fiscais que mais aplicassem multas).
Jô concorda que justiça tributária seja fundamental. Pede a retomada do ISS (imposto sobre serviço prestado) e o aumento do IPTU para aqueles que têm imóveis no valor superior a R$ 50 mil.
Sérgio diz que quando era vereador, aprovou o ISS para os bancos. E que isso virou referência em outras capitais.

Tema sorteado: orçamento do município.
Sérgio pergunta a Leonardo Quintão se este terá administração transparente, caso seja eleito. Quintão diz que isso é obrigação de qualquer administração. E parte para o ataque à PBH: "eu, como candidato, pedi à prefeitura o orçamento. Tivemos que pagar mil e tantos reais por um livreto que não tinha os contratos". Ele promete se comprometer a divulgar o orçamento completo de sua gestão, na internet. E continuou as acusações ao informar que o orçamento da capital cresceu desde 2004 e que nada foi investido no funcionalismo público e na saúde. "Onde foi parar este dinheiro?", questiona. Disse também que foi aos 27 debates promovidos pelas universidades e que orçamento municipal foi amplamente discutido ali.
Sérgio diz que para administrar uma cidade, tem que ter amplo conhecimento orçamentário. Acusou a PBH de gastar muito com terceirizações e que isso não pode continuar.
Quintão encerrou convidando a todos a visitar o site da PBH e analisar o orçamento. "Eu tentei e não tive acesso a contratos. Será que você vai ter?", pergunta ao eleitor.

Tema sorteado: saneamento básico.
Quintão pergunta a Gustavo o que acha do projeto da PBH para restaurar cinco córregos. Quis saber também o que o candidato fará em prol do meio ambiente, se for eleito.
Gustavo diz que a PBH investiu muito, mas ainda não conseguiu chegar a um bom resultado. Lembrou que apenas 30% do esgoto da capital é tratado. Para ele, este é o grande problema. Disse também que não basta limpar os córregos, tem que tratá-los. Quintão diz que a PBH vendeu as ações da Copasa e que isso ele jamais teria feito. Prometeu que se for eleito, será parceiro do governador, mas, cobrará atitudes da Copasa.
Gustavo lembra que a lagoa da Pampulha é o maior exemplo da falta de cuidado com o esgoto. Prevê que se não forem tomadas atitudes, assoreamento e poluição serão o futuro da lagoa.

2º ROUND - Temas livres

Sérgio Miranda inaugura o ataque à aliança. Lembra que o TSE proibiu a participação de Aécio Neves na campanha de Márcio Lacerda. Pergunta a Márcio se a participação do governador não traria ilegitimidade às eleições.
Márcio se defende dizendo que o TSE apenas julgou uma suspensão. Diz estranhar a reação das pessoas à aliança. Afirma que Aécio Neves teve 85% do votos quando foi eleito e que hoje, é aprovado por 90% da população. E questiona por que as pessoas querem tirar do governador o direito de indicar o candidato em quem mais confia. "A população não vê com bons olhos o apoio do governador a Márcio lacerda, 'que sou eu'" disse. Lembra que o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) aprovou a participação do governador. E terminou, falando ao eleitor: "A participação dele é justa e isso vai ajudar a decidir seu voto em Márcio".
Sérgio Miranda diz que não condena a participação, mas, o abuso dela. Para ele, os apoiadores se sobressaíram ao candidato. Isso seria ilegimitadade e pode levar à cassação do mandato.
Márcio Lacerda diz que não há ilegalidade, que tudo foi feito dentro da lei. Segundo ele, houve uma mobilização grande de dois partidos e muito trabalho. "Uma democracia plena", concluiu.
Márcio pergunta a Quintão, como ele pretende fazer as obras do metrô sem a parceria público-privada. Quintão provoca: "muito obrigado por me escolher para o tema que eu mais gosto de falar!". E segue na resposta: o Governo federal está investindo mais de R$ 30 milhões nas cidades para a Copa do Mundo de 2014. Desse total, São Paulo teria ficado com R$ 15 bilhões; Rio de Janeiro com R$ 8 bilhões; Porto Alegre com R$ 1,5 bilhão e Belo Horizonte com apenas R$ 400 milhões que nem estariam destinados ao metrô e sim, a corredores de ônibus (a PBH teria preferido a duplicação da Antônio Carlos). Disse que a proposta é negociar esse dinheiro com o presidente Lula. E afirma: "nunca houve tanto dinheiro". Segundo ele, falta pulso da PBH. Sobre negar a parceria com o setor privado, questiona: "para quê envolver dinheiro municipal ou estadual se há dinheiro sobrando na administração federal?"
Márcio Lacerda acusa Quintão de estar desinformado uma vez que esse dinheiro anunciado ainda não faz parte do orçamento para 2009 e que a única solução viável para o metrô é a parceria público-privada.
Quintão reage dizendo que é Márcio quem demonstra não saber do que está falando. Garante ter estado presente em uma reunião em que a verba de São Paulo foi liberada ("eu estava na reunião e vi São Paulo receber R$ 8 milhões"). Disse que não se referiu a 2009 e sim, a 2014. E ironizou: "Márcio, não se constrói um metrô em um ano". Por fim, se comprometeu a conseguir do Governo Federal a verba necessária.
Quintão pergunta à Jô se o tempo das propagandas televisivas prejudicou algum candidato. Jô diz que foi acusada por Márcio de tentar vencer no "tapetão". "Ele teve 12 minutos e eu 1 e meio. Isso é tapetão?", questionou. Disse que BH não respira democracia porque a população está com medo de obras pararem. Explicou que as obras são compromissos, recursos do Governo Federal. E convidou os eleitores a votarem pelo segundo turno, em que finalmente, os candidatos teriam o mesmo tempo no horário eleitoral.
Quintão fala para o espectador: "olha, no segundo turno, nós teremos o mesmo tempo (para apresentar a proposta). Me convide pra ir na sua faculdade. Eu vou. Aqui, na Rede Globo, tudo é muito bom, mas, não tem platéia". Terminou dizendo que nas faculdades, há vaias, aplausos e nenhuma maqueagem.

(Neste momento, Márcio pede à Isabella Scalabrini o direito de repostas por se sentir ofendido por Jô Moraes e que gostaria de esclarecer que não difundiu o medo de as obras pararem. Com um sorriso nos lábios, a moderadora disse que a produção não enxergou nenhuma ofensa)

Jô informa que o primeiro bebê belorizontino foi uma menina. E pergunta a Gustavo Valadares o que ele fará, caso seja eleito, pelas mulheres. Gustavo diz que falta políticas de inclusão no âmbito geral. "Precisamos de politcas constantes, não temporárias. Precisamos de um prefeito presente, que conheça os quatro cantos da cidade. Um prefeito com coragem. Que conheça a realidade e que viva o dia a dia de BH", disse.
Jô diz que a política de inclusão da mulher é parte dessa política 'mais geral'. "Nós, mulheres, precisamos de creches para cuidar das crianças enquanto trablhamos", disse. Propõe imediato apoio a chefes de família desmpregados e ao hospital da mulher.
Gustavo completa lembrando que também falta assistência aos jovens. Para ele, a Prefeitura precisa criar oportunidades de lazer, educação e inserção no mercado de trabalho. "Só assim, se tem uma BH mais digna", conclui.
Gustavo pergunta a Sérgio Miranda: como resolver o caos do trânsito na capital? Sérgio responde que a solução é incentivar transporte público, principalmente, o metrô. "É uma idéia de custo benefício. Se o trabsporte público for mais rápido, seguro e barato, a população vai optar por ele", esclarece. Para ele, não é fazendo novas avenidas ou túneis que a situação será resolvida. "Isso não deu certo em SP e não dará certo aqui", diz. Também defende que o prefeito tenha que ser um líder político, não basta ser gestor. E lembra que é necessário incentivar o "táxi lotação".
Gustavo concorda e critica a BHTrans: "ela não pode ser um empresa arrecadora de multas. Deve ser uma gestora do tráfico". Para ele, a única forma do metrô sair do papel é por meio da parceria público-privada. E Sérgio Miranda encerra concordando que a BHTrans não pode ser mera fiscalizadora.


E então, o que achou dos primeiros rounds do debate? Não perca os dois últimos rounds, hoje, às 15h.

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Eleições (4)

Hoje, a Rede Globo transmite o debate dos candidatos à prefeitura de Belo Horizonte. Assistam. Por mais que política seja um assunto chato, no domingo, inevitavelmente, a maioria de nós será obrigada a comparecer às urnas. Conheçam pelo menos a proposta dos candidatos. Analisem a postura, o equilíbrio. Veja se é essa pessoa que queremos ver governar a cidade pelos próximos quatro anos.

O interessante também é acompanhar a estratégia política de cada um. E antes de começar, a expectativa: Márcio Lacerda (nome que ocupa o 40º lugar na lista dos envolvidos com o Mensalão e 1º na de intenções de votos)irá ao debate? Ele cumprirá bem o papel de "pau mandado" da aliança (PSB, PT, PV, PTB, PTN, PP, PR, PSL, PMN, PRP, PSC e PTC) e conseguirá segurar as eleições em primeiro turno?

Além de assistir ao debate, convido a todos a comparecerem na mesa redonda que rola amanhã, aqui, no AVT.