terça-feira, setembro 02, 2008

Cotidiano

Estava parada na frente do TRE, na Prudente de Moraes, quando se deu o vuco-vuco: uma camelô de CDs piratas corria dos fiscais da Prefeitura. "Deixa ela correr com a bolsa", disse um fiscal. O outro completou: "E deixa a garrafinha, pra ela beber água quando voltar". Os fiscais também deixaram um banquinho. Foram informados de que era um empréstimo da banca de jornais ao lado.
Enquanto isso, algumas pessoas que passavam pelo local gritavam: "Vai prender bandido, seus caxias!" "Deixa a menina ganhar o dinheirinho dela!" "Pega ladrão, o de colete da Prefeitura!" O consenso era de que se o povo não pode trabalhar, a opção é ir para as ruas, roubar. Por isso, mesmo os que não gritavam, balançavam a cabeça negativamente para os fiscais da PBH. "Se ela tivesse puxado o pano e abraçado os cds, os fiscais não poderiam levar nada. Eles não podem apreender o que estiver na mão ou na bolsa", lamentou um transeunte.
E quase que eles não conseguiram mesmo. Pela "solidariedade" da ação dos fiscais, me deu a impressão de que eles próprios não se sentiam tão à vontade em fazer a apreensão. Cumpriam apenas o papel deles.
A situação é complicada. Os que não compram os cds piratas, baixam as músicas pela internet. O problema então é com o comércio? Não seria com o "piratear"?

Isso tudo mais uma vez me faz concluir: é preciso repensar as leis, principalmente, as que envolvem direitos autorais e internet.
O mundo simplesmente não é o mais o mesmo. Acabei de assistir ao povo reclamar da fiscalização cumprir o papel dela.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

O problema é que os chefões querem continuar ganhando rios de dinheiro como sempre ganharam, e, assim, ao invés de tentarem repensar o direito autoral vão logo no direito penal pra poder tipificar o crime por exemplo de "baixar música".

Não to defendendo a ilegalidade e sim o debate. Muitos dizem "pra mim nao tem diferença entre roubar o dvd de uma loja e baixar da internet". Claro que não tem. Na loja DEIXA de existir se voce roubar, e na internet deixa de existir?

Claro, teve o custo de produção e etc, um cd não nasce de graça. Não to justificando as ações de quem baixa, e sim de que O MODELO de negócios pra tudo isso tem de ser repensado, porque hoje TODO MUNDO baixa da internet e isso não tem mais volta. Então, porque não usar isso a favor?

Quem ai conhece arctic monkeys e muitos outros exemplos, nao so de musica, sabe o potencial que todo esse processo possui.

E mp3 e uma das coisas mais lindas que inventaram.

9:44 AM  
Blogger Unknown said...

A questão é que os bits são informações. Não são coisas físicas, e por isso se você copia algo digital, toda a matéria necessária você já possui: energia que a cemig te vende, a rede que você provavelmente alugou em uma operadora e os componentes do seu computador. Não dá nem de longe aquela sensação de estar roubando, afinal, a informação está lá, se você não pegar vai ter alguém que pegue. Quanto aos vendedores que copiam cds piratas, acho que a forma de combater isso é baratear os cds originais. Outro dia fui à loja Americanas e comprei 4 cds por R$15,00. Eram cds mais antigos, mas se os lançamentos fossem vendidos a esse preço, imagino que muita gente compraria os cds originais. Problema que aqui no Brasil tudo é muito caro e cheio de impostos. Carro é caro, gasolina é cara, tudo é caro. Isso porque só de imposto estadual são 18%, mais uma pancada de impostos que se paga. É difícil concorrer com o pirata, que não paga imposto, e ainda mais com o governo, que perde 0,38% (prefiro me esquecer do efeito cascata e fingir que era só isso) e fica chorando falando que não tem dinheiro pra saúde, enquanto bate recordes de arrecadação fiscal. 38% do PIB são de impostos, tudo isso para financiar o povo ruim de vida que vive no senado.
Bom, qto mais eu leio e estudo algo sobre política, mais me indigno e dá vontade de sumir do Brasil. Porque realmente acho que não vou ver mudanças enquanto estiver vivo. Pena que do outro lado meu patriotismo ainda seja um pouco forte demais.

12:46 PM  

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