Crônica sobre mineiras: é ilegal, imoral, engorda ou todas as alternativas acima?
Circula, na internet, uma crônica de Felipe Peixoto Braga Netto, com o título: Sotaque mineiro: é ilegal, imoral ou engorda? .Nela, o advogado, caracteriza o sotaque mineiro realçando a incoerência da fala com a norma culta padrão.
Uma boa crônica, sem dúvida nenhuma, mas lendo, eu tive a exata mesma dúvida: se tudo que é bom tem um desses 3 atributos,isso aqui, para nós mineiras, é ilegal, imoral ou engorda? Desconfio de que seja um pouco disso tudo. Observe como a intenção do autor fica confusa em alguns trechos:
"(...)Na verdade, o mineiro é o baiano lingüístico. A preguiça chegou aqui e armou rede. O mineiro não pronuncia uma palavra completa nem com uma arma apontada para a cabeça.(...)Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira.Nada pessoal.(...)Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas.(...) A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas.(...)Eu sei, eu sei, a gramática não tolera esses abusos mineiros de conjugação.(...)Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão.(...)"
A intenção não era exaltar as mineiras? Depois de ler o escrito acima, me responda se concorda com este trecho: "É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras..." Sinceramente, é provável que o leitor continue a achar que os mineiros vivem na roça, não sabem nada de gramática e que as mineiras, principalmente, são burras até doer!
Não nego que a fala mineira tenha suas peculiaridades. Mas ao falar dela, é preciso ter muito cuidado para não realçar preconceitos. A linguagem oral é totalmente diferente da língua culta padrão e só "intelectualóides" é quem não sabem disso. Acredito que o autor só queria realçar o seu amor pelo sotaque mineiro, mas não podemos confundir "fala" e "língua". Aqui, em Minas, existe uma língua portuguesa sim, mas a "fala" é diferente, como em qualquer outro lugar, por causa do sotaque.
EU, ASSIM COMO O AUTOR, AMO O SOTAQUE MINEIRO.
Falando em confusões entre língua e fala, vamos falar...
Detesto pessoas que corrigem erros de português enquanto a outra está falando. Se é homem, então, mais ainda. É o mesmo que dizer: "eu sei duas regras de gramática, então, meu pênis é o maior aqui da roda!" Advogado é quem tem mania de tentar usar a norma culta padrão como oral. E o resultado é desastroso. O mesmo que usar terno e bermuda juntos. Metade da frase sai correta, metade sai terrivelmente errada, se for considerar a gramática.
Eu desafio os "Srs. Eu Falo Corretamente" a falar de acordo com a norma culta padrão. Duvido que vão se lembrar de empregar ênclise, próclise e mesóclise corretamente por mais de 1 minuto!
Não digo que as pessoas devam falar de qualquer jeito. Mas penso, principalmente, na eficácia de uma comunicação e isso, meus amigos, é pensar na ADEQUAÇÃO da frase. Se a situação é informal, -principalmente, entre amigos- não há a menor exigência de empregar a norma culta. Aliás, nem tente porque vai dar errado!
E se você tem aquele amigo que adora corrigir seus erros de português na frente de todo mundo, peça o currículo dele. Ele tem, obrigatoriamente, de ser, no mínimo, ilustre. Pense no presidente da república. Você usaria a norma culta para falar com ele? Normalmente, sim. Mas, em se tratando do nosso presidente, seria até inadequado. Então, caros amigos, se a gente não precisa da gramática para falar com o presidente, vai precisar pra falar com amigos, numa mesa de bar? Pode ser o amigo que for, vai precisar comer muito angu (e mais muita gramática) pra exigir norma culta de alguém durante a fala, numa situação informal. Corrigir é uma forma dele se impor sobre as pessoas. De mostrar uma pseudo - superioridade, de se auto-afirmar perante os outros. E isso, coleguinhas, é a psicologia que resolve e não, a gramática.
VOLTANDO À CRÔNICA, o autor deixa claro que é apaixonado pelas montanhas de MinaS, pelas curvas das mineiras e pelos deslizes da fala mineira. Esse é o verdadeiro dom dos mineiros: o da expressão. Crônica é muito boa. Parabéns ao autor, que se permite escrever textos bem humorados também.
Hora do merchan:
Abertas as incrições do curso para repórters: "como falar capialmente e conseguir uma entrevista no meio rural". Esse curso faz parte do pacote "Como sobreviver com tudo aquilo que você não aprendeu na faculdade." Os interessados, favor entrar em contato.
Uma boa crônica, sem dúvida nenhuma, mas lendo, eu tive a exata mesma dúvida: se tudo que é bom tem um desses 3 atributos,isso aqui, para nós mineiras, é ilegal, imoral ou engorda? Desconfio de que seja um pouco disso tudo. Observe como a intenção do autor fica confusa em alguns trechos:
"(...)Na verdade, o mineiro é o baiano lingüístico. A preguiça chegou aqui e armou rede. O mineiro não pronuncia uma palavra completa nem com uma arma apontada para a cabeça.(...)Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira.Nada pessoal.(...)Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas.(...) A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas.(...)Eu sei, eu sei, a gramática não tolera esses abusos mineiros de conjugação.(...)Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão.(...)"
A intenção não era exaltar as mineiras? Depois de ler o escrito acima, me responda se concorda com este trecho: "É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras..." Sinceramente, é provável que o leitor continue a achar que os mineiros vivem na roça, não sabem nada de gramática e que as mineiras, principalmente, são burras até doer!
Não nego que a fala mineira tenha suas peculiaridades. Mas ao falar dela, é preciso ter muito cuidado para não realçar preconceitos. A linguagem oral é totalmente diferente da língua culta padrão e só "intelectualóides" é quem não sabem disso. Acredito que o autor só queria realçar o seu amor pelo sotaque mineiro, mas não podemos confundir "fala" e "língua". Aqui, em Minas, existe uma língua portuguesa sim, mas a "fala" é diferente, como em qualquer outro lugar, por causa do sotaque.
EU, ASSIM COMO O AUTOR, AMO O SOTAQUE MINEIRO.
Falando em confusões entre língua e fala, vamos falar...
Dquele professor de português da mesa do bar...
Detesto pessoas que corrigem erros de português enquanto a outra está falando. Se é homem, então, mais ainda. É o mesmo que dizer: "eu sei duas regras de gramática, então, meu pênis é o maior aqui da roda!" Advogado é quem tem mania de tentar usar a norma culta padrão como oral. E o resultado é desastroso. O mesmo que usar terno e bermuda juntos. Metade da frase sai correta, metade sai terrivelmente errada, se for considerar a gramática.
Eu desafio os "Srs. Eu Falo Corretamente" a falar de acordo com a norma culta padrão. Duvido que vão se lembrar de empregar ênclise, próclise e mesóclise corretamente por mais de 1 minuto!
Não digo que as pessoas devam falar de qualquer jeito. Mas penso, principalmente, na eficácia de uma comunicação e isso, meus amigos, é pensar na ADEQUAÇÃO da frase. Se a situação é informal, -principalmente, entre amigos- não há a menor exigência de empregar a norma culta. Aliás, nem tente porque vai dar errado!
E se você tem aquele amigo que adora corrigir seus erros de português na frente de todo mundo, peça o currículo dele. Ele tem, obrigatoriamente, de ser, no mínimo, ilustre. Pense no presidente da república. Você usaria a norma culta para falar com ele? Normalmente, sim. Mas, em se tratando do nosso presidente, seria até inadequado. Então, caros amigos, se a gente não precisa da gramática para falar com o presidente, vai precisar pra falar com amigos, numa mesa de bar? Pode ser o amigo que for, vai precisar comer muito angu (e mais muita gramática) pra exigir norma culta de alguém durante a fala, numa situação informal. Corrigir é uma forma dele se impor sobre as pessoas. De mostrar uma pseudo - superioridade, de se auto-afirmar perante os outros. E isso, coleguinhas, é a psicologia que resolve e não, a gramática.
VOLTANDO À CRÔNICA, o autor deixa claro que é apaixonado pelas montanhas de MinaS, pelas curvas das mineiras e pelos deslizes da fala mineira. Esse é o verdadeiro dom dos mineiros: o da expressão. Crônica é muito boa. Parabéns ao autor, que se permite escrever textos bem humorados também.
Hora do merchan:
Abertas as incrições do curso para repórters: "como falar capialmente e conseguir uma entrevista no meio rural". Esse curso faz parte do pacote "Como sobreviver com tudo aquilo que você não aprendeu na faculdade." Os interessados, favor entrar em contato.
6 Comments:
Eu queria saber se esse kra é paulista ou carioca. Pq ambos os sotaques são infinitamente piores.
E outra coisa: Toda pessoa que se torna gramático(a), é frustrado em alguma coisa. Nenhum ser humano tem essa "profissão" como primeira escolha. Não é possível.
Imoral é falar de sotaques. Peça pra um carioca falar "arroz pra festa" Ele não fala certo nem que você o faça ENGOLIR uma grmática. Agora peça pra um mineiro ao invés de falar "belzonte" dizer "belo horizonte". A diferença é que mineiro CONSEGUE "descompactar" o "errado" quando necessário enquanto os outros não.
Tá, eu sei que a intenção do texto não é essa, que eu to invertendo o sentido escolhido pelo escritor, mas eu acho um saco textos sobre sotaques e piadinhas. É sempre sobre o "mineirinho".
E aliás o texto tá dando pau pra abrir. Só falçta ser um website de V$$$$ que não abre no firefox.
Pri, sou suspeito pra falar do seu texto, do texto do kra e principalmente do sotaque. É a coisa mais doida do mundo, pq é natural em todos os sentidos e em qualquer nível social. O interessante, é que a gente só para pra perceber isso, quando vê uma lista gigantesca dos termos que a gente usa, igual essa da crônica.
Eu, que tb acho o sotaque - principalmente das mineiras - maravilhoso, "gradei demais da conta da crônica.."
E citando o Penera, eu nunca casaria com uma paulista, por mais que eu tentasse hehe..
A propósito, não sei se foi o Penera, vc, os dois juntos ou outra pessoa que fez o novo layout, mas ficou muito doido.
Olá, Priscila!
Não nos conhecemos mas, acidentalmente entrei em seu blog. Já havia lido o texto "O Sotaque das Mineiras" correndo pela net e concordo com algumas colocações de sua parte. Entretanto, gostaria de fazer alguns comentários:
1º Até hoje não tive nenhuma certificação de que o referido texto é mesmo desse tal Felipe Braga. Como vc e todo o resto do mundo sabe, tudo que cai na rede vira domínio dos usuários. Para vc ter uma idéia, já vi o mesmo texto em vários sites e blogs sendo atibuído àté a Drumond. Bom, quem já leu um pouquinho que seja do poeta sabe bem que essa forma de escrita não é nem poderia nunca ser do Drumond.
Outros tantos "assinam" esse mesmo texto. Portanto, nada comprovado.
2º O próprio conteúdo do texto varia de site para site ou de blog para blog. Alguns com parágrafos a mais, outros com parágrafos a menos. Isso apenas confirma o que eu disse anteriormente.
Na verdade, a sensação que tenho pela forma como o texto foi escrito, é que se trata de uma colcha de retalhos. Alguém escreveu algo sobre o sotaque das mineiras e o texto começou a circular na rede sendo acrescido de outras ideias por várias pessoas.
Estando eu certa ou não, a verdade é que o texto, apesar de algumas incoerências, é para mim agradável , não é ofensivo. Não me senti em nenhum instante burra por isso, pois como o "autor" diz, ele já "ouviu de uma menina culta um 'pelas metade', no lugar de 'pela metade'".
Concluindo: acho que fica claro nesse trecho que nosso modo de falar não tem qualquer relação com o nosso nível cultural ou o QI dos mineiros. Não me parece ser uma ameaça, apenas um gracejo com o sotaque "mineirês", sem qualquer intenção de ofensa, apenas de elogio.
Quem sabe esse texto até não foi feito por uma mineira defendendo causa própria?
Abs!
Dennyse
Eu escolhi esta profissão primeiramente, e não utilizo a linguagem formal no registro oral. Isso é pedantismo, não escolha profissional.
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