segunda-feira, agosto 21, 2006

Crônica sobre mineiras: é ilegal, imoral, engorda ou todas as alternativas acima?

Circula, na internet, uma crônica de Felipe Peixoto Braga Netto, com o título: Sotaque mineiro: é ilegal, imoral ou engorda? .Nela, o advogado, caracteriza o sotaque mineiro realçando a incoerência da fala com a norma culta padrão.
Uma boa crônica, sem dúvida nenhuma, mas lendo, eu tive a exata mesma dúvida: se tudo que é bom tem um desses 3 atributos,isso aqui, para nós mineiras, é ilegal, imoral ou engorda? Desconfio de que seja um pouco disso tudo. Observe como a intenção do autor fica confusa em alguns trechos:

"(...)Na verdade, o mineiro é o baiano lingüístico. A preguiça chegou aqui e armou rede. O mineiro não pronuncia uma palavra completa nem com uma arma apontada para a cabeça.(...)Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira.Nada pessoal.(...)Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas.(...) A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas.(...)Eu sei, eu sei, a gramática não tolera esses abusos mineiros de conjugação.(...)Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão.(...)"

A intenção não era exaltar as mineiras? Depois de ler o escrito acima, me responda se concorda com este trecho: "É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras..." Sinceramente, é provável que o leitor continue a achar que os mineiros vivem na roça, não sabem nada de gramática e que as mineiras, principalmente, são burras até doer!
Não nego que a fala mineira tenha suas peculiaridades. Mas ao falar dela, é preciso ter muito cuidado para não realçar preconceitos. A linguagem oral é totalmente diferente da língua culta padrão e só "intelectualóides" é quem não sabem disso. Acredito que o autor só queria realçar o seu amor pelo sotaque mineiro, mas não podemos confundir "fala" e "língua". Aqui, em Minas, existe uma língua portuguesa sim, mas a "fala" é diferente, como em qualquer outro lugar, por causa do sotaque.
EU, ASSIM COMO O AUTOR, AMO O SOTAQUE MINEIRO.
Falando em confusões entre língua e fala, vamos falar...

Dquele professor de português da mesa do bar...

Detesto pessoas que corrigem erros de português enquanto a outra está falando. Se é homem, então, mais ainda. É o mesmo que dizer: "eu sei duas regras de gramática, então, meu pênis é o maior aqui da roda!" Advogado é quem tem mania de tentar usar a norma culta padrão como oral. E o resultado é desastroso. O mesmo que usar terno e bermuda juntos. Metade da frase sai correta, metade sai terrivelmente errada, se for considerar a gramática.
Eu desafio os "Srs. Eu Falo Corretamente" a falar de acordo com a norma culta padrão. Duvido que vão se lembrar de empregar ênclise, próclise e mesóclise corretamente por mais de 1 minuto!
Não digo que as pessoas devam falar de qualquer jeito. Mas penso, principalmente, na eficácia de uma comunicação e isso, meus amigos, é pensar na ADEQUAÇÃO da frase. Se a situação é informal, -principalmente, entre amigos- não há a menor exigência de empregar a norma culta. Aliás, nem tente porque vai dar errado!
E se você tem aquele amigo que adora corrigir seus erros de português na frente de todo mundo, peça o currículo dele. Ele tem, obrigatoriamente, de ser, no mínimo, ilustre. Pense no presidente da república. Você usaria a norma culta para falar com ele? Normalmente, sim. Mas, em se tratando do nosso presidente, seria até inadequado. Então, caros amigos, se a gente não precisa da gramática para falar com o presidente, vai precisar pra falar com amigos, numa mesa de bar? Pode ser o amigo que for, vai precisar comer muito angu (e mais muita gramática) pra exigir norma culta de alguém durante a fala, numa situação informal. Corrigir é uma forma dele se impor sobre as pessoas. De mostrar uma pseudo - superioridade, de se auto-afirmar perante os outros. E isso, coleguinhas, é a psicologia que resolve e não, a gramática.

VOLTANDO À CRÔNICA, o autor deixa claro que é apaixonado pelas montanhas de MinaS, pelas curvas das mineiras e pelos deslizes da fala mineira. Esse é o verdadeiro dom dos mineiros: o da expressão. Crônica é muito boa. Parabéns ao autor, que se permite escrever textos bem humorados também.

Hora do merchan:
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6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Eu queria saber se esse kra é paulista ou carioca. Pq ambos os sotaques são infinitamente piores.

E outra coisa: Toda pessoa que se torna gramático(a), é frustrado em alguma coisa. Nenhum ser humano tem essa "profissão" como primeira escolha. Não é possível.

5:46 AM  
Anonymous Anônimo said...

Imoral é falar de sotaques. Peça pra um carioca falar "arroz pra festa" Ele não fala certo nem que você o faça ENGOLIR uma grmática. Agora peça pra um mineiro ao invés de falar "belzonte" dizer "belo horizonte". A diferença é que mineiro CONSEGUE "descompactar" o "errado" quando necessário enquanto os outros não.

Tá, eu sei que a intenção do texto não é essa, que eu to invertendo o sentido escolhido pelo escritor, mas eu acho um saco textos sobre sotaques e piadinhas. É sempre sobre o "mineirinho".

E aliás o texto tá dando pau pra abrir. Só falçta ser um website de V$$$$ que não abre no firefox.

12:42 AM  
Blogger Filipe Gouvêa Reis said...

Pri, sou suspeito pra falar do seu texto, do texto do kra e principalmente do sotaque. É a coisa mais doida do mundo, pq é natural em todos os sentidos e em qualquer nível social. O interessante, é que a gente só para pra perceber isso, quando vê uma lista gigantesca dos termos que a gente usa, igual essa da crônica.

Eu, que tb acho o sotaque - principalmente das mineiras - maravilhoso, "gradei demais da conta da crônica.."

E citando o Penera, eu nunca casaria com uma paulista, por mais que eu tentasse hehe..

7:11 AM  
Blogger Filipe Gouvêa Reis said...

A propósito, não sei se foi o Penera, vc, os dois juntos ou outra pessoa que fez o novo layout, mas ficou muito doido.

7:14 AM  
Blogger Dennyse Bacelete said...

Olá, Priscila!

Não nos conhecemos mas, acidentalmente entrei em seu blog. Já havia lido o texto "O Sotaque das Mineiras" correndo pela net e concordo com algumas colocações de sua parte. Entretanto, gostaria de fazer alguns comentários:
1º Até hoje não tive nenhuma certificação de que o referido texto é mesmo desse tal Felipe Braga. Como vc e todo o resto do mundo sabe, tudo que cai na rede vira domínio dos usuários. Para vc ter uma idéia, já vi o mesmo texto em vários sites e blogs sendo atibuído àté a Drumond. Bom, quem já leu um pouquinho que seja do poeta sabe bem que essa forma de escrita não é nem poderia nunca ser do Drumond.
Outros tantos "assinam" esse mesmo texto. Portanto, nada comprovado.
2º O próprio conteúdo do texto varia de site para site ou de blog para blog. Alguns com parágrafos a mais, outros com parágrafos a menos. Isso apenas confirma o que eu disse anteriormente.
Na verdade, a sensação que tenho pela forma como o texto foi escrito, é que se trata de uma colcha de retalhos. Alguém escreveu algo sobre o sotaque das mineiras e o texto começou a circular na rede sendo acrescido de outras ideias por várias pessoas.
Estando eu certa ou não, a verdade é que o texto, apesar de algumas incoerências, é para mim agradável , não é ofensivo. Não me senti em nenhum instante burra por isso, pois como o "autor" diz, ele já "ouviu de uma menina culta um 'pelas metade', no lugar de 'pela metade'".
Concluindo: acho que fica claro nesse trecho que nosso modo de falar não tem qualquer relação com o nosso nível cultural ou o QI dos mineiros. Não me parece ser uma ameaça, apenas um gracejo com o sotaque "mineirês", sem qualquer intenção de ofensa, apenas de elogio.
Quem sabe esse texto até não foi feito por uma mineira defendendo causa própria?
Abs!
Dennyse

6:55 AM  
Anonymous Anônimo said...

Eu escolhi esta profissão primeiramente, e não utilizo a linguagem formal no registro oral. Isso é pedantismo, não escolha profissional.

7:07 PM  

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