sexta-feira, outubro 24, 2008

Psicoses coletivas

"Na minha sala, havia um triângulo amoroso: uma garota e dois amigos. A garota hora ficava com um; hora com outro. O clima entre os dois amigos ficou pesado.

O dono da escola, também formado em Pedagogia, ficou preocupado e resolveu conversar com a garota. "Numa hora, os dois vão sair no tapa. O que é muito triste porque eles são amigos, blá, blá, blá...", disse.

Mas, parece que ver dois homens brigando por ela parecia ter-lhe inflamado o ego. Mais, ela incentivava "a briga por amor".

E como se esperava, um dos dois perdeu o controle. A partir daí, era comum ver dois dos três se estapeando no corredor. O que incluía a menina, claro.

Até que o professor a chamou de volta para a conversa e disse: "escuta, acho que você não está entendendo a gravidade da situação. Isso não é amor, é paixão doente. Numa hora, o fulano vai surtar, vai matar o amigo, você e se matar em seguida. Não se brinca com os sentimentos dos outos e muito menos com a insanidade dos outros", disse.

Passaram-se uns anos, a menina escolheu um deles: o mais louco. Eles se casaram e numa noite, por ciúme, ele a matou e se matou em seguida".

Anos depois, o narrador da história se tornou professor. Disse ter visto "esse filme" inúmeras vezes. E, então, pôde concluir:


"a escola sabe quem são os maníacos potenciais, aqueles que vão estampar as páginas policiais no futuro. Mas, é muito difícil para os pais aceitarem que os filhos têm problemas. É difícil encaminhar um filho para um psicólogo porque no fundo, os pais sabem que vêm deles, parte do problema. A família então se isenta e os filhos passam a ser problema do Estado".


E de fato, é o que acontece.

Enquanto José Padilha e Rodrigo Pimentel lembram da culpa do Estado, ouvi no dia seguite, alguém lembrar que segurança pública é também algo a ser construído e mantido dentro de nossas próprias casas e em cada uma das instituições sociais.

1 Comments:

Blogger Unknown said...

Era de se esperar que um relacionamento como esse não acabasse bem. Afinal, relacionamentos são baseados em confiança mútua, coisa que o "mais louco" nunca pode ter em sua companheira. Afinal, ela gostava de ficar com ele e seu melhor amigo. Por que não gostaria de ficar com qualquer um? O mais interessante é que parece que o fraco da relação era ele. Para submeter-se a ficar com uma mulher que brincava com seus sentimentos. Ciúmes excessivos refletem uma baixa auto-estima ("não sou bom o bastante para ela, então tenho que 'cuidar' para que ela não me escape"). Ela por sinal parecia ser alimentada por ciúmes. Provavelmente por um motivo semelhante (baixa auto-estima), adorava ver pessoas competindo por ela, o que é capaz de elevar o ego de qualquer um. Duas pessoas extremamente carentes de sentimentos, um sentimento que não poderia ser preenchido por ninguém, e que não poderia terminar bem, é claro. Todos temos essa carência, de competir e nos provar melhor que outros, alimentando o mecanismo de recompensa do cérebro (que se sente extremamente satisfeito ao vencer qualquer competição). Afinal somos todos animais, a natureza é selvagem, e a lei do mais forte é dura. O problema é quando toda essa necessidade transcende os limites da razão, explodindo na forma de ira, e causando graves consequências. Resumindo: todos temos necessidade de reconhecimento (satisfação do ego) e estamos sempre competindo, então somos bombas ambulantes com um pavio curto, que pode a qualquer momento explodir. Rs.

2:44 PM  

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