Falando sério...
No último dia 28, Jô Soares parecia ter sido abalado pelas "sandálias da humildade" e resolveu fazer um programa em que ele não fosse o centro das atenções. Assim, propôs um debate com as jornalistas Ana Maria Tahan, editora executiva do Jornal do Brasil, Cristiana Lobo, da Globo, Tereza Cruvinel, de O Globo e a cientista política Lúcia Hippolito. Durante programa, um show de argumentações, principalmente, de Lúcia Hippolito, que se estivéssemos em período de eleições, eu diria ter sido a grande vencedora do debate!
Não irei me reter à crise política. Muita gente me cobrou um texto sobre isso aqui. Mas devo confessar: neste momento, sou mais uma brasileira medíocre, não sei e nem quero saber disso aqui, mas não tenho raiva de quem sabe. Se querem ouvir bons comentários sobre o assunto, ouçam Lúcia Hippolito na CBN! Quem sou pra questionar qualquer coisa que essas mulheres gêniais falaram...
A única coisa que questiono é: quando é que o povo vai participar de um debate como esse? O programa do Jô foi paradoxal: criticou a justiça e política brasileira (tipicamente elitista) excluindo a grande massa popular de participar do debate! Tratou-se da elite brasileira discutir ela mesma! Não que isso me surpreenda, mas o "Programa do Jô", recheado de intelectualismo elitista sempre recorre a atrações tipicamente populares: o Jão da roça com um feito engraçado, a celebridade acéfala e boazuda, a atriz de segunda linha que anda precisando de mídia...Então, por que se esquecer de que uma massa popular também desejava participar do programa daquela noite?
Não que eu esteja bancando a comunista, dizendo "Não" à elite, a programa elitista, etc...Eu até gosto muito do "Programa do Jô."Mas aquilo ali me serviu para pensar em uma coisa: "O que é um homem inteligente?" Se fizermos uma pesquisa no Brasil, Jô Soares seria um grande apontado. E o que é Jô Soares? Nada mais, nada menos do que um homem que sabe ler e que realmente o faz. Mas como ninguém faz o mesmo, ele é um gênio! E ele realmente pensa que é.
Basta um gande leitor carismático, uma banda de jazz e um cenário elegante para se ter um programa inteligente? Envolver o povo em um debate, seria deixar de ser inteligente?
O grande problema é que as pessoas estão acostumadas a associar povo a programa de baixaria. Talvez não estejam muito errados. Alguém tem dificuldade em entender isso: "Creusa acha que Dionizo é o pai. Dionizo acha que é o Crêitão. Vamos abrir o DNA: Dionizo é o pai. Palmas e pancadaria.'E se for teu, e se for teu, teste de DNA pra provar que o filho é teu!' (Vinheta) E mais porrada!"? Se alguém não entendeu, tem problema. Ora, justifica alguém assistir a um programa em que ele não conseguisse sequer saber do que estava sendo falado?
O que eu quero dizer é: o debate do Jô foi um pagode - sim, faltou só a pancadaria pra virar "Ratinho"- em que mulheres quase se bateram para falar, brigando pra exibir todo o vocabulário esdrúxulo que sabiam, todo o conteúdo que sabiam e todo o status que representavam. Estavam erradas? Não. Era obrigação de todos, incluindo do Jão da roça saber a gênese de todos os partidos, as alianças que já fizeram e ainda fazem, o passado de cada político, enfim, todos têm a obrigação de serem doutores em Política e Mídia!
Enfim, ninguém deixa de ser mais ingeligente porque se fez ser entendido. Ninguém é burro por demonstrar-se simples, humilde. E se querem saber, desconfiem. Desconfiem de quem faz questão de usar palavras que ninguém conhece, assuntos que só a minoria conhecem, etc. Desconfiem dos especialistas em excesso. Quem não quer ser entendido é porque não entende. Não digo que os intelectuais do Jô não entendam do que falaram. Pelo contrário, já disse, Hippolito é uma das melhores que eu já ouvi. Mas naquele momento, não pensaram no povo, não fizeram nada de diferente desses profissionais corruptos que a mídia mostra. Foram elas, intelectuais corruptas ao roubarem o conhecimento unicamente para si.
E o vendedor de picolé lá de Ubá, interior de Minas, que nunca estudou Português, quanto mais Política, numa situação dessas, resumiria a crise política para as madames:
"Dinheiro na mão é vendaval..."
Depois completaria: igual falava aquela novela do Carlão.
Isso, ele entendeu.
O povo não gosta de baixaria.
Mas o povo entende uma parte dela.
A outra, ele considera "intelectual".
1 Comments:
Eu sou o "Jão da Roça" q fica a ver navios nesses debates políticos sobre as alianças do PT, PMDB, PC do B e PQP.
Mas pelo menos eu escuto Oasis!
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