domingo, março 11, 2007

Camisinha (de força) pra igreja

Nada surpreendente na noite de hoje: show de bizarrices no Fantástico. A maior foi a matéria decorrente das declarações do presidente da república sobre a hipocrisia da sociedade brasileira quanto ao uso da camisinha.
Algumas pessoas insistem em dizer que a camisinha incentiva a prática do sexo. Dessa vez, graças a Deus, esqueceram-se dos anti-concepcionais. E graças a Deus, literalmente falando. Uma autoridade da igreja católica disse que a camisinha incentiva o sexo irresponsável. Não seria o contrário, Deus do céu?! O pior vem de um grupo de jovens, estudantes, adeptos da renovação carismática. Uma menina disse que namora há muito tempo e que o casal precisa "se segurar o tempo todo". Na face dela, logo se via uma VONTADE LOUCA DE DAR uma declaração a respeito do quão quente seria a relação, caso a igreja liberasse o sexo. Um outro jovem declarou: o importante numa relação é o amor e não o sexo por sexo. E a melhor veio quase por último: o sexo é uma coisa horrenda porque entre um homem e uma mulher tem que estar Jesus. Pois é, junta o puritanismo com o analfabetismo funcional: na cabecinha dela, Jesus está literalmente no meio do casal. Deus salve as aula de interpretação de texto!
O que se pode ver é a dificuldade de se chegar a um equilíbrio. A igreja é muito pervertida e faz com que seja impossível se conciliar sexo e amor. Resultado: mulheres que fazem sexo há 40 anos e ainda não alcançaram um orgasmo por sentirem vergonha do que fazem com os maridos; homens que descobrem o sexo depois de casados e viram os tiozões-tarados-comedores; pessoas emocionalmente e hormonalmente instáveis já que como diz Freud, todo comportamento humano é regido por uma natureza sexual e por fim, padres estupradores de criancinhas.
Está na hora de se ver o sexo como algo natural. Não tem nada mais irritante: o adolescente deslumbrado que se vê na tela quando assiste "American Pie" e os que se castigam na maior iminência de prazer. E não há nada pior do que a igreja ditando comportamentos irracionais. Igreja e ciência podem andar paralelamente. Qual a lógica de se liberar o sexo só depois do casamento? O que é o casamento senão a assinatura de um pedaço de papel em cerimônias simbólicas? Será que Deus é tão burocrático que só libera o sexo mediante a apresentação dos documentos? Por outro lado, a banalização do sexo faz com que muitos se assustem. E com razão. Salienta a condição humana como animal. O jeito então, é buscar um equilíbrio, que só é alcançado mediante muita instrução e psicologia. Então, pessoas, sexo seguro e responsável é altamente recomendável para uma mente sã. Mas não culpe seus pais por não quererem saber que você faça sexo. Não vá me dizer que você se sente confortável imaginando seus pais lhe fabricando? Talvez, seja por causa desse desconforto que muitos cresçam achando o sexo uma coisa terrível.
Encerro pedindo camisinha de força pra igreja e puritanos. E agradeço por eles encherem as salas dos psicólogos. Afinal, desemprego é outro grande problema na nossa sociedade.
Concluo dizendo que fazer sexo ou não é uma questão de escolha. Minha recomendação é que qualquer que seja essa escolha, que ela seja saudável, a ponto de não representar uma repressão ou um desequilíbrio. E como diz o Mestre Kaquinho Big Dog: "Xá pra lá se ocê dá, xá pra lá! Afinal, é seu mesmo."