terça-feira, maio 27, 2008

Escreveu, não leu, o pau comeu (2)

Pra não dizer que não falei das flores...


Ok,Portal Uai, a gente entendeu. Mas que soou estranho, soou.

quarta-feira, maio 21, 2008

Escreveu, não leu, o pau comeu (1)

Ambigüidade. Essa peculiaridade da linguagem publicitária. Quantos redatores sofrem para criá-la! Para os jornalistas, no entanto, esse "erro" é tarefa fácil. Não porque sejam menos capazes, mas porque escrevem mais. E na pressa, sem tempo de reler, o natural é que saim pérolas do tipo:



"Natália Guimarães vai a leilão?" Quem dá mais pela ex-miss?
Diretamente das pérolas de abril.

quinta-feira, maio 15, 2008

Crônica do mau hábito

Numa manhã dessas, percebi a gravidade do problema. Enquanto a empregada dizia que havia uns "tchuntchos no vasculhante..." - e eu tentava explicar o certo para ela -, percebi que meu rosto corava, enquanto ela se afastava um pouco atordoada. Senti que era melhor eu ter ido escovar os dentes; passado a manhã inteira bochechando Listerine. Aoaoaoao...
No ônibus, vi que meu problema era mais fácil de ser notado. Lotação, gente muito perto, vidros fechados, todos convidados a entrar no assunto de todos...Que constrangimento! Como as pessoas gostam de falar em ônibus! Reclamam do "tráfico nas ruas, da complacência da polícia com os bandidos, da segurança que tinha há dez anos atrás..." Não tem jeito de fugir do assunto! "Daqui a pouco, alguém vem pedir minha opinião". Notei alguns senhores fingindo que dormiam, mas quem é o doido que dorme em pé? Não daria certo. E se eu colocasse uma pastilha bem grande de menta na boca?" Foi o que eu fiz. Durante algum tempo, me controlei. Mas depois, acabei abrindo a minha boca. Não só a senhora já me achava desagradável quanto o resto dos passageiros.
Desci do ônibus, procurei imediatamente um especialista. Que me atrasasse o trabalho, mas precisava me livrar daquele mal! Hesitei um pouco antes de entrar, porque este especialista é o tipo daquele que a gente passa a vida evitando. Feito o exame, ele disse: "você não precisa insultar todo mundo que comete um erro de Português. Aprenda a se controlar! Pior do que falar errado, é escrever um texto sem coesão".
Então, percebi que havia problemas piores. Agora, meu problema é só com quem fala em terceira pessoa.

Se você também anda evitando o especialista,desista. Mais cedo ou mais tarde, você vai precisar dele. Vou facilitar para você e indicar um dos melhores. É rápido e indolor, vai por mim. Depois dele, você e os outros poderão abrir a boca sem medo de ser feliz!

E na falta de assunto...

A gente lê "suruba de cobras" no globo.com, hoje.



Pensou em atirar seu sobrinho pela janela? Não seja tão estúpido. Se quiser ler realmente algo interessante na imprensa, acesse o blog do Luís Flávio Sapori e acompanhe a discussão sobre segurança pública. Surpreenda-se ainda mais em saber que a chamada para o blog, destacando "onde estão as estatísticas criminais de Minas Gerais?" apareceu no portal Uai.

quinta-feira, maio 08, 2008

Seria cômico, se não se fosse trágico

O Padre Aderli foi encontrado hoje, (07/04), às 08h30, na Av. do Contorno, esquina com Av. Assis Chateaubriand, no bairro Floresta em Belo Horizonte. Veja a imagem, que impressionante!!!*




Como eu disse numa das postagens anterior, eu nunca vou entender o interesse mórbido do ser humano. Se tem uma coisa que desperta a curiosidade da maioria da população é a desgraça alheia. Quer ver um exemplo? Acontece um acidente. Cinco minutos depois, conte quantos curiosos estarão ali. Se metade deles fosse de paramédicos, o sujeito acidentado estaria mais bem cuidado que em uma UTI de um hospital particular. Mas não, a grande maioria é formada simplesmente de curiosos.
Talvez, esse interesse venha pelo próprio medo da morte. O fato é que temendo ou não, o ser humano sempre consegue fazer uma piada, por maior que seja a desgraça alheia. Afinal, pimenta no olho do outro é refresco, não é?!
Depois da manchete do Casseta e Planeta (Ronaldo diz que quem pegou travestis foi uma terceira pessoa), a última que recebi por e-mail foi essa acima, do padre. Demorou para aparecer uma piada...


Achou o humor da piada terrivelmente negro?
Mas do Ronaldo, você riu, né?!


Além de não saber o que Saddam teria pensado na hora da morte, fico com outras duas perguntas:
"O que o padre tinha na cabeça pra resolver voar com balões?"
"O que o Ronaldo tinha na cabeça se meter com travestis?"

Mistérios contemporâneos...

* E-mail enviado pelo Mickey. Achou péssimo? Reclame com ele! Mas não deixe de visitar o Parentzs antes, ok? E se você ainda não se contentou com o humor negro, visite também o Paulopes Weblog.

quarta-feira, maio 07, 2008

Depois de Heroes, o CSI brasileiro

Não há quem ainda não tenha comentado o caso Isabela. Como lembrou o Caio, é o Brasil inteiro brincando de CSI. (Somos experientes nisso. Já tivemos o Heroes nacional, com a novela Caminhos do Coração, da Record; O Desperate Housewives, o "Donas de Casa Desesperadas", da Rede TV...) Mais do que isso, foi uma oportunidade de aparecer na televisão, mesmo que a inscrição tenha sido recusada no BBB8. Mas, para alguns, é o medo de mais um caso de impunidade, a mesma sensação sentida por alguns setores da sociedade após a absolvição de um dos supostos mandantes do assassinato da religiosa Dorothy Stang.

De fato, é preciso reduzir a sensação de impunidade, o que se consegue apenas reduzindo-a de fato. Não adianta tentar criar uma imagem de polícia ou justiça eficientes, se não há uma mudança estrutural que realmente as configurem como tal.

No caso Isabela, a primeira coisa que me chamou a atenção foi a imagem da atuação da polícia e do crime em si. Tratou-se de um assassinato muito burro e de uma polícia muito eficiente. E talvez, tenha sido. Mas atualmente, acho que os "muito" foram o problema. Eu admito meu preconceito, desconfiando da rapidez que os laudos apareceram e o caso demonstrava-se solucionado. (Já a burrice humana não é novidade nem preconceito de ninguém)

O bom de se ter uma polícia eficiente em evidência, é a mensagem implícita: "não existe crime perfeito. Então, nem tente fazer bobagem." E o país vive mesmo a fase da "super polícia": no campo técnico, os peritos são rápidos e no campo da força, o Bope vem aí pra lhe mostrar que "a sociedade está segura". Mas a super polícia não erra?



Nas postagens abaixo, falei um pouco do caso Isabela, analisando a ação da imprensa e da assessoria da polícia.

No geral, isso resume o que eu penso sobre o caso (a menos, por agora):

Quando falamos do caso como o CSI brasileiro, lembrei: de seriado a seriado, como seria bom um Dexter para dar uma limpa no Brasil. Ainda bem que o critério dele é "assassinos" pq se fosse "incompetentes" ou "oportunistas" ele precisaria de ajudantes.

A cobertura da imprensa

O que eu não agüento nesses casos de grande repercussão é a série de comentários mainstream que a gente é obrigado a ouvir. "A mídia é isso; a mídia é aquilo". A mídia não mata ninguém (a não ser de raiva, algumas vezes); não joga criancinha da janela, não mata casal de namorados.
Tanto se fala do excesso de exposição desse assunto, mas penso que não há como ser diferente. Um dos critérios que a imprensa usa para qualificar um assunto como notícia é a raridade, a estranheza, o choque. Tudo nesse caso abrange o critério. Não se trata de um assassinato qualquer: foi uma esganadura, seguida de fraturas, um corte e um arremesso pela janela. Pior: de uma menina de cinco anos. Pior ainda: pai e madrasta são suspeitos; avô e tia suspeitos de acorbertarem os culpados. Não dá pra dizer que isso seja comum. Portanto, é natural que a mídia noticie.
Os revoltosos precisam entender: não há como tirar leite de pedra. Os bons jornais farão boas matérias e os ruins continuarão a fazer o "trabalho mais ou menos" que rendem a eles uns trocados. A questão não é criticar a insistência da mídia (pq o assunto realmente rende). O problema é a abordagem. Passar dias remoendo as mesmas informações é desgastante. Informações novas são sempre bem vindas. Destaque para o G1 em usar infografia, essa coisa que todo jornal sabe que agrega valor à informação, mas nunca tem profissionais para produzi-los; para a Sônia "Merchan" Abraão, que conseguiu a proeza de falar do assunto por mais de 30 dias seguidos, trazendo para o programa de gosto duvidoso, vários profissionais de áreas diferentes para esgotar o caso; para o Datena, humilhando o repórter, fazendo perguntas do tipo: "vc tem certeza do que tá falando? Checou sua fonte? Não inventou? Vá lá checar isso que eu lhe chamo daqui a pouco"; e para a Veja, que estampou na capa: "FORAM ELES", em letras garrafais, com a minúscula seqüência: "diz a polícia" (pelo menos mostrou ao público que a imparcialidade é mito).
A falha "da mídia" foi dar espaço para os palhaços que foram à porta dos Nardoni, da delegacia etc. É certo que a mídia escolhe aquilo que a população vai discutir no outro dia e que assuntos de caráter mórbido (eu não sei pq cargas d´água) são sempre "coisa que o povo quer saber", portanto, coisa que a mídia tem a obrigação de noticiar. Mas eu prefiro o jornalismo com o foco na conseqüência. É polêmico, eu sei, mas como a atitude daqueles palhaços foi repudiável e o espaço na mídia passa a ser incentivo, eu não daria nenhuma imagem sequer de quem estivesse ali. Pra mim, é válido o direito do público à informação, mas uma das funções do Jornalismo é também educar, principalmente em casos que vão a júri popular.

A ação da assessoria de imprensa

Não tenho qualificação para opinar se a ação da polícia foi correta ou não. Mas a estratégia da assessoria foi cheia de deslizes. Divulgar que a polícia tinha o casal como suspeitos me deu a sensação de que pela experiência de trabalho, os policiais envolvidos tinham feeling o suficiente para acusar o casal; bastava apenas ir atrás dos laudos para isso. Era algo tão certo o fato de o casal ser culpado, tão óbvio, que não seria difícil uma condenação. Afrouxou-se o rigor dos procedimentos, com falhas absurdas como deixar o apartamento aberto etc. E aí, iniciou-se a divulgação das falhas investigativas que agora, dão à defesa uma oportunidade imensa de redução da pena.
Em um dos canais que mantiveram imagens ao vivo da delegacia o dia inteiro, tive a oportunidade de ver, no instante em que eu liguei a TV, o assessor da polícia, na porta, decidindo se saía para falar com a imprensa ou não. Eu pensei: isso lá é decisão que vc toma na porta?! O cara andava pra frente, pensava melhor, voltava. Arrumava gravata, cabelo, arriscava uns passos, pensava e voltava pra dentro da delegacia. Tudo isso, em frente às câmeras. Por fim, decidiu sair. Estufou o peito, andou a passos largos para dizer: "no momento, interesses da polícia e da imprensa são conflitantes. Não vamos nos pronunciar sobre o assunto. Aguardem a coletiva de imprensa, na terça-feira". Bom...pelo menos, apareceu na televisão. Na tal terça-feira da coletiva, o que aconteceu? Empresas deslocaram profissionais, carros de reportagem, equipamentos; profissionais se bateram para conseguir local estratégico; freelans pararam o dia pela oportunidade de um trocado e... a assessoria cancelou a coletiva, minutos depois do horário marcado, quando todos os profissionais estavam prontos para fazer o trabalho.
Isso sem contar a quantidade de declarações que mais pareciam coisa do Borat, treinando piada americana: "Achamos sangue da menina no carro. NOT!" E a incrível justificativa: divulgamos informações falsas para "desestabilizar a defesa". Que eu saiba, a defesa é problema da promotoria. O trabalho da polícia era ajudar no sentido de obter provas concretas que incriminassem e não, prejudicar a defesa. E outra coisa: se é para agir de modo a não ter defesa, condena logo e pronto! Que tal queimar na fogueira? Alguém sabe se matéria em decomposição pode render combustível? Está uma onda de recusar o etanol...

Aí, foi-se, ao menos pra mim, toda a boa imagem que a polícia vinha sustentando.

segunda-feira, maio 05, 2008

Seria trágico, se eu não fosse irônico

Por um probleminha no olho, fiquei um bom tempo sem tocar o AVT adiante. Mas como alguns textos já estavam prontos há algum tempo, resolvi encaminhar àqueles que haviam solicitado as postagens. Não acho que eu deva postá-los agora, pq tudo nessa vida tem validade, certo?! Lamento o ocorrido, mas toquemos o barco adiante. Nada que uns óculos escuros ou uma tela de proteção não resolva.

O bom da pausa foi o (compulsório) tempo para repensar. Algumas coisas mudaram, mas a essência será sempre a mesma. Nunca é tarde para reafirmar a proposta: esse blog é tendencioso, irônico, às vezes, sarcástico; altamente opinativo e sem uma gota de propósito jornalístico. Eu odiaria ter que explicar em cada postagem que eu estou fazendo uma brincadeira ou pedir que aceitem com bom humor. (Bom humor não se pede; se tem ou não, naturalmente) Mas como sei que colegas de blogs vizinhos sofrem com esse problema, facilito pro leitor: ironia é uma forma elegante de se fazer humor. E mais que isso, é a linguagem do AVT. Portanto, qualquer semelhança e mera coincidência são simplesmente, ironias. Levar numa boa é a forma mais saudável de se aceitar o fato.

Memórias de um ditador


Hoje, soube que Saddam Hussein escreveu um diário, enquanto foi mantido preso, em 2006. A notícia era de que ele temia pegar Aids (ou outra doença venérea)por "dividir a mesma lavanderia que os guardas norte americanos" que o mantinham na prisão. "Que diferença faria se realmente pegasse?", pensei. Gelei, imaginando se por um segundo, o ditador tivesse sido ingênuo o bastante para acreditar que os EUA o mantivessem vivo.
O vídeo da execução de Saddam Hussein percorreu o mundo via internet. Eu me lembro de assisti-lo com o horror duplo do "olho por olho, dente por dente". Aliás, não acreditava assistir algo assim em pleno século XXI. Mas o que mais me chocou foi a expressão do ditador, segundos antes da morte. Não tinha um ar desolado e indefeso do sujeito apanhado em um buraco no chão. Havia um certo conformismo, desonfortante até. "no que será que ele pensou, momentos antes da execução?"
Talvez, tenha só pensado que seria melhor morrer enforcado do que por uma doença venérea.



Devagar e sempre, o AVT volta à cena. Ainda intolerante à luz do monitor, mas atento a todos os textos que escrevem nossa experiência cotidiana.
Bem vindos de volta!