sexta-feira, maio 27, 2005

Cotidiano

Este texto eu escrevi para uma aula de Ética. Não entendi por que diabos as pessoas gostaram tanto dele. Há textos que a gente escreve, reescreve, pinta e borda e o texto simplesmente, não acontece. Alguns, saem assim, às duas da manhã, de parto normal...Sem explicação, agrada a um grande número de pessoas. Não sei como funciona a lógica dos textos. Mas sei que este não foi criado, foi expelido. Como tudo o que é catártico...
Atendendo a pedidos, taí o texto que agora, ficou conhecido como "O texto da aula de Ética".

A Voz do Brasil Hoje

Hoje, às sete da noite, o Brasil pára. Quando alguém ouve a clássica música “O Guarani”, um sentimento de brasilidade envolve a alma dos ouvintes do rádio. Quando uma voz então, ecoa dizendo: “em Brasília, 19 horas”, todos os cidadãos sabem o que significa este momento para a nação: é hora de desligar o rádio.
Porém, se algum brasileiro distraído se esquece de sua “demonstração de brasilidade habitual” e não desliga o rádio, percebe atônito que “O Guarani”, música de abertura da Voz, recebeu novas versões remixadas pelo músico Sergio Sá. A abertura e as vinhetas têm hoje, a música de Carlos Gomes ao ritmo de forró, samba, choro, bossa-nova, capoeira, moda de viola e até techno. Mas se “O Guarani” continuou, a conhecida frase “Em Brasília, dezenove horas” teve uma drástica, horrenda, incrível e traumatizante alteração. De “Em Brasília, dezenove horas”, a ordem do desligue mudou-se radicalmente para: “Sete horas em Brasília.”
Convenhamos, há alguma coisa muito errada na Voz do Brasil. Sem a secura amedrontadora do “Em Brasília, dezenove horas” e o cheiro de Governo Federal que entranha na alma quando se ouve “O Guarani”, a história parece tomar um novo rumo na radiodifusão brasileira. De repente, o programa começa a ter ares de democracia. A radiodifusão tem até código de ética, agora! E ele não deixa dúvida: “Art. 2o - A radiodifusão defenderá a forma democrática de governo e, especialmente, a liberdade de imprensa e de expressão do pensamento.”
Aí, já é demais! Retiram a fantasmagórica “ O Guarani”, a voz que parece falar de dentro de um balde afirmando: “em Brasília, dezenove horas” e agora, defende a forma democrática de governo? Vargas está se revirando no túmulo a uma hora dessas!
Mentira, não está. Não está porque ainda há algo que o faz respirar aliviado, algo que o faz acreditar que a música “O Guarani” tradicional ainda pode voltar: o programa é obrigatório. Como ele ama essa palavra: obrigatório! Se o brasileiro quer informação, vai ter, na marra! Se quer cultura, conhecimentos, saber, vai ter, compulsório! Empurre informação “güela” abaixo, essa é a lei. Se é inconstitucional, melhor ainda! Liberdade de Comunicação e Informação jornalística? É claro que tem! Nos sábados, domingos e feriados, que são os dias em que o programa não é obrigado a ser transmitido.
“Várias rádios conseguiram liminar para não transmitir a Voz do Brasil, entre elas, Eldorado e Antena 1 de São Paulo com base na decisão da juíza Marisa Ferreira dos Santos, da 4ª Vara da Justiça Federal de SP. A instância foi confirmada em 1998 pelo juiz Pérsio Oliveira Lima e aguarda a decisão final do Supremo Tribunal Federal.” No entanto, há pessoas que insistem na obrigatoriedade do programa. E vão além, querem que haja um programa semelhante e obrigatório na televisão também! Este é o projeto da deputada Perpétua Almeida (PC do B-AC). Para não se enquadrar fora do código de ética, ela arruma uma saída perfeita: os horários vão ser flexíveis! As emissoras, tanto de rádio quanto de televisão, poderão escolher os horários, que vão variar entre 19:00h e 00:00h.
Já até sei o que vão colocar na hora do meu “good times FM”: a Voz do Brasil. Como se alguém tivesse voz à meia – noite! E pior, já que vai ocupar o lugar das minhas músicas velhas nas emissoras tupiniquins, a “O Guarani” não vai estar em clima do “Good Times FM” porque a versão agora é em forró, sertanejo, funk...(Funk, não, porque é inconstitucional: Art. 15 - “Parágrafo único - as emissoras de rádio e televisão não apresentarão músicas cujas letras sejam nitidamente pornográficas”).
Ah, agora entendi tudo. Quando uma deputada insiste na obrigatoriedade, não se trata de querer de volta o autoritarismo, de limitar a liberdade. Trata – se apenas de saudade. Não de uma torturazinha militar, mas do bom e velho: “Em Brasília, dezenove horas”. E da boa música popular brasileira, que não é na voz de Caetano, Gil ou Chico Buarque, porque estes estavam com a boca bem ocupada levando soco da ditadura, mas da “ O Guarani”, símbolo musical máximo do povo brasileiro. (?)
A verdade é que A Voz do Brasil tem, de fato, se modificado. Pode ser que ela esteja ouvindo o povo, falando pelo povo, dando voz ao Brasil. Resta saber o que levará o povo a voltar a dar credibilidade ao programa e francamente, isso vai muito além de simplesmente trocar o em “Em Brasília, dezenove horas” por “Sete horas, em Brasília.” A hora, pouco importa. Para acertar o relógio, existe o “hora certa”. O importante é continuar este trabalho de transformar a Voz do Brasil, na voz dos brasileiros.

* "A Voz do Brasil" está presente no Guiness Book como o programa mais antigo do Brasil.

quinta-feira, maio 12, 2005

"Moda"...

Bulimia: lento suicídio para "engordar" o ego

Eu detesto escrever em primeira pessoa. Mas não posso deixar de usar a experiência própria para demonstrar o quanto essa nova onda de bulimia me revolta. Há algum tempo atrás, tive um grave problema estomacal. Em conseqüência, vômitos durante duas semanas ininterruptas. É claro que no segundo dia de mal estar já fui procurar ajuda médica, que a princípio, não explicitou grande preocupação. Passado algum tempo, me surgiu um pequeno problema: não havia mais veias para instalar o soro. Sem ele e com toda aquela onda de vômito, provavelmente, eu desidrataria e “conheceria o plano espiritual mais cedo”. Para evitar o pior, a solução era tomar água (em copinhos de café) até que as veias ficassem novamente fortes para receber o soro. No entanto, o estômago não aceitava aquela quantidade de água. Então, diminuímos a quantidade para uma colher de água, em intervalos de 15 minutos e, dado os enjôos, 30 minutos.
Hoje, meu estômago passa bem, obrigada. Freqüentemente, me perguntam do que eu senti mais falta de comer já que o tratamento me exigiu uma rígida dieta. Respondo que a dieta foi fácil. A saudade que me dava no hospital, era da água! A pior sensação que eu já senti nessa vida era ter muita sede e ser obrigada a tomar água usando colherinhas! Cada vez que eu bebo um copo d´água, vejo o quanto a bebida é gostosa! Água é uma delícia! Quando a água desce pela minha garganta, o suficiente para matar minha sede, lembro do tanto que as circunstâncias outrora foram difíceis...
Na semana passada, o assunto predileto da mídia foi “bulimia”. O Fantástico exibiu uma matéria sobre o assunto, logo após, alguns veículos impressos se lançaram nessa busca de denunciar essa" nova doença". Comecei a desconfiar que a bulimia fosse a doença da moda. E não consigo me posicionar de maneira indiferente: repúdio a essa nova forma de auto - depreciação. Enquanto eu rezava e chorava no hospital para que os vômitos parassem e eu pudesse beber, pelo menos, água, essas guriazinhas PROVOCAM os vômitos para emagrecer. Enquanto eu sofria por estar emagrecendo rápido demais, da pior maneira possível, essas jovens mulheres vazias optam pela falta de saúde, pela dor. Tudo isso em nome da vaidade! (Como se magreza fosse algo lindo!)
Quando eu tinha conhecimento desse absurdo, morria de raiva. Por sorte, o vômito provoca fraqueza, caso contrário, eu teria espancado umas 10 pessoas, durante aquele período do “deslize de saúde”. Não preciso nem dizer qual foi a primeira suspeita do médico para o meu quadro clínico, basta observar as perguntas: “Você é modelo? Tem preocupação excessiva com peso? Andou fazendo dietas mirabolantes, desejando perder peso de qualquer maneira?” Pra mim, aquilo não poderia soar como absurdo maior. Eu pesava 47 kg, como poderia estar desejando emagrecer? Pelo meu olhar de repúdio, o doutor logo viu que o caso era outro. (Por que todas as mulheres magras têm de ser modelos? Odeio essa idéia ridícula quase no mesmo tanto que odeio ser magra.) Respondi, além do olhar, que não foi pra ser modelo que eu estudo e sempre estudei (e muito!), durante a minha vida toda. Foi então, que ele me explicou que atende a milhares de mulheres com esse mesmo quadro clínico, porém, devido a vômitos provocados. No final da consulta, ficamos felizes ao saber que não se tratava de um problema de personalidade, e sim, patológico. Depois dos devidos, cuidados tudo voltou ao normal, exceto meu peso, claro! Esse sim, foi o maior dos problemas.
Percebi, então, que ainda sofro de uma patologia grave: a intolerância! Não tão pior quanto os vômitos, propriamente ditos, eram as perguntas idiotas que eu tive de responder após o período de internação. Coisas do tipo: “Ce ta muito magrinha, né? O quê, perdeu 5 Kg em uma semana? Que inveja!” Inveja? De quê? Perguntava eu, ao me lembrar das injeções de soro, da sede... E as perguntas continuavam: “O que você teve? Vômito? Como ce fazia pra vomitar? Enfiava o dedo na garganta?” (Ôôô vontade que me dava de responder a essas gurias o que elas tinham de fazer com esse dedo que queriam enfiar na garganta!) “Você é vegetariana, por isso é magrinha? Aposto que cortou os carboidratos e os lipídeos, né?” Essa era a menos pior para responder. Foi um inferno. Como eu me sentia péssima estando magra daquele jeito! Como é feio essa gente magra!
Não consigo pensar o que faz uma mulher cometer um absurdo desses. Eu não passaria por aqueles vômitos nunca, se tivesse tido escolha. Por que essa busca pela magreza, pela feiúra? Essas mulheres emagrecem tanto na busca pela beleza, que se tornam “monstras”, aberrações em pelo e osso. E o que me surpreende são os absurdos que se propagam rapidamente na Internet pregando o contário: grupos e mais grupos “pró Ana”. Recuso- me até a falar as asneiras que vejo nesses sites para não ser esta, mais uma forma de divulgação desse absurdo!
O que se percebe é uma propensão ao masoquismo. Há tantos meios mais rápidos para se matar, não há outra justificativa para a escolha do método bulímico! Uma vida, em troca de um corpo aparentemente "perfeito" (duvido que as funcções orgânicas não se encontrem em comprometimento). Até que ponto a vaidade é saudável? Vale a pena correr o risco de morrer para estar em dia com os padrões estéticos da sociedade atual?

Isso tudo me revolta a ponto de me causar náuseas!
E com licença, caro leitor, termino esse texto para beber um bom e maravilhoso copo d´água! Talvez, daqui a pouco, eu coma um doce bem calórico, que além de não me deixar magra, vai me dar mais sede e eu vou beber mais água! E talvez, um refrigerante, um suco...

Ah, já ia me esquecendo. Quando me essas antinhas me perguntam o que eu faço pra ficar magrinha sem ir à academia e sem vomitar, respondo com a melhor das caras sérias: bebo xixi. Não sabia que xixi emagrece??? Bebe pra ver...


(Não, não é por isso que eu bebo água.)

Agradecimentos a todos os visitantes.

(A propósito, agradeço as críticas e sugestões que recebo por e-mail, apesar de não entender porque as pessoas não usam esse “comment” aí embaixo.)

Não tenho tido tempo pra atualizar o blog, mas assim que possível, posto novos textos: “Vaga de estágios em Comunicação, Reforma Publicitária (e os novos absurdos das propagandas), Casamentos temporários, “dicas” de redação e sei lá o que me der vontade de escrever!

quarta-feira, maio 11, 2005

TV : A Casa dos Artistas...

Gordos para as Câmaras de Gás

Depois de insistir para que o programa “A Casa dos Artistas”, versão do SBT para o Big Brother Brasil, emplacasse, Sílvio Santos resolveu adotar outra estratégia além da “confinar artistas tupiniquins, saudosos por mais 15 minutos de fama, em uma casa” : agora é a vez de trancafiar obesos, que além de se tornarem “celebridades instantâneas”, terão a tão sonhada chance de emagrecer. O programa já caminhava para esse formato de “adesão de anônimos” em detrimento dos “artistas” na sua última edição, que misturava as celebridades e fãs, no confinamento. Porém, agora, a estratégia do dono do SBT é embutir alguma utilidade social no programa fútil. Para isso, incentiva os obesos a emagrecerem cedendo o prêmio máximo ao “gordinho”, como ele gosta de chamar seus participantes, que resistir às milhares guloseimas e conseguir perder mais peso.
Não é necessário ter um Q.I acima da média para perceber que a simples idéia de “emagrecer gordinhos” não tenha nenhum aspecto significante de “compromisso social”. Nada que se compare a ceder empregos, melhorar condições de saúde, alimentação, educação, ou até mesmo, a qualidade da TV, que anda péssima. Então, para que o enunciado faça sentido e dê o resultado esperado, muda –se a enunciação: deprecia-se a imagem do gordo a ponto de ser caridosa e muito benéfica, a tentativa de deixá-lo magro. Tem-se, portanto, a exposição dos obesos como se o programa fosse o “Circo dos Horrores” e ser gordo, fosse a pior coisa do mundo, algo bizarro de que se devesse se envergonhar, ter nojo. Os participantes, que somente por terem se submetido a tal ridículo já demonstram sinais de auto-estima zero, são ridicularizados ora por si mesmos, ora pela platéia e pelo próprio apresentador, durante a toda a exibição do programa. No último domingo, dia 08/05, Sílvio Santos surpreende uma participante ao afirmar que um diálogo dela dentro da casa teria gerado muita polêmica no universo “aqui de fora”. A participante teria dito que as mulheres gordas são mais carinhosas e eficientes na cama, visto que precisam compensar suas “falta de estética” de alguma forma. O apresentador reprisou a declaração da participante e utilizando-se da repetição - característica mais marcante do diálogo deste comunicador - insistiu, risonho, perguntando –a se a afirmação consistia em considerar as mulheres gordas as mais sexies. A participante, orgulhosa por ter achado um meio de não se sentir tão menosprezada, concordou veementemente. A reação do apresentador e da platéia não poderia ser outra: gargalhadas. Sílvio Santos então, resolve perguntar a todas as participantes se elas se consideravam mulheres sexies. A cada resposta positiva, um ar de deboche. Como pode uma gorda se achar sexy? Mais risadas na platéia. O conceito de sensualidade, a TV já definiu: é a loira, siliconada, magrinha, corpo moldado por plásticas e academias, sorridente e burrinha. Até a burrice já vem embutida no “Kit Sensualidade”. Mulheres inteligentes não participam de programas desse tipo, ainda mais semi – nuas! Então, não são sexies. Mulheres gordas, ainda que tragam os rostos mais bonitos da televisão, não se enquadram no padrão de beleza dessa pós – modernidade e portanto, também não são sexies. Considerar-se sexy fora desse padrão, obviamente, é motivo de chacota, de risos, de quase insanidade mental.
A desculpa utilizada pelo programa é melhorar a saúde do participante, ameaçado pelo excesso de peso e trabalhar sua auto – estima de modo a tornar-se mais bem aceito no convívio social. Ora, magreza nunca foi sinônimo de saúde. Tem – se gurias com 45 kg e com sérios problemas com alto índice de mau colesterol no sangue, assim como há pessoas obesas que da mesma forma, colocam sua vida cardíaca em risco. Quanto a melhorar o convívio social, não se cabe idéia mais preconceituosa. O que o programa está conseguindo fazer é criar uma onda de menosprezo às pessoas gordas, aumentar os seus complexos de inferioridade e tentar, através da propagação do absurdo em um veículo de comunicação em massa, promover a unidade estética da população, semelhante à eugenia, propagada pelo nazismo. Há um incentivo ao emagrecimento em massa, à padronização do corpo magro como sinônimo de perfeição absoluta.
O próximo reality show pós – moderno, todos já sabemos qual vai ser: “A Casa dos Bulímicos”.

Denúncia...

Fim do mistério: Seu Creysson é o Autor do texto “Barreiras da Comunicação"

Mais uma vez, o www.aconteceuviroutexto.blogspot.com surpreendeu a todos com um brilhante trabalho de Jornalismo Investigativo. Depois de se passarem dias na busca pelo Autor Desconhecido do texto mais polêmico do campus São Gabriel até então, nossos jornalistas enfim, descobriram a verdadeira identidade dessa “Celebridade Instantânea Anônima”. Seu Creysson é na verdade, o misterioso autor do “Barreiras da Comunicação”! Como este é um site sério, apresentaremos, a seguir, as provas concretas que nossa equipe conseguiu levantar, após este longo trabalho de apuração. Eis o texto, na íntegra, escrito por Seu Creysson e veiculado pelo campus durante o evento Fronteiras da Comunicação (enumeração nossa):
“1-Barreiras da Comunicação
2- um evento para os professores babarem o ovo de palestrantes.
3- um evento para os técnicos mostrarem a sua incompetência.
4- E um evento para você ficar em casa, economizar uns trocados na passagem e perder umas dezenas em mensalidade

Reparem o início das frases 2 e 3: letra minúscula. Qualquer pessoa que tenha sido alfabetizada sabe que no início de frase, nos utilizamos de Maiúsculas. Mas como se trata de um curso de Comunicação Social, pode ser que Seu Creysson tenha se utilizado de uma “licença poética” para criar uma frase com maior efeito visual e assim, ganhar em Publicidade. Porém, Seu Creysson erra ao dar tratamento coloquial à linguagem de um texto dirigido a estudantes de Ensino Superior.
(Seu Creysson, expressões como “babarem o ovo” não estão enquadradas na norma culta padrão, que é forma mais adequada para se dirigir a estudantes universitários. Será que o Senhor estaria subestimando a capacidade de leitura de nós, estudantes de Comunicação, e resolveu adotar o recurso do coloquialismo para facilitar nossa compreensão do texto?) Na terceira linha, Seu Creysson chama os palestrantes de “técnicos”. Ao que tudo indica, todos os palestrantes têm experiências na área da Comunicação e possuem formações que superam a graduação, portanto, considerando que não fizeram “Curso Técnico de Comunicação Social”, não podem ser denominados de “técnicos”. Talvez, possam ser chamados de incompetentes, termo adequado a qualquer profissional independente de sua grade curricular. (Cabe à Coordenação do evento deixar explícita a formação dos palestrantes, na próxima vez.) Na linha 4, Seu Creysson repete o coloquialismo: “economizar uns trocados na passagem”...

5- Algo tem que acontecer.
6- Se vc está no primeiro período: Está maravilhado com o curso e não nota o quanto a coordenação daquela menina é
7- ausente, irresponsável e impotente.
8- Se vc está no segundo já se deparou com uma aula de filosofia que seria super cabeça se estivesse sendo exibida no
9- horário da “Malhação”...

Na linha 5, Seu Creysson mostra que assistiu a algumas aulas e insere uma frase de impacto que poderia resultar em uma boa estratégia publicitária. Na linha 6, Seu Creysson começa a demonstrar sinais de confusão lingüística. Confunde o meio onde resolveu veicular seu texto: usa linguagem de Internet para se expressar de forma escrita em um meio acadêmico (vc). Em seguida, lembra-se vagamente que depois de “pontos”, utiliza-se letras maiúsculas e confundindo reticências com ponto final, começa a frase com letra maiúscula (“Está maravilhado...”). Não obstante, comete um sutil erro de ambigüidade: “coordenação daquela menina é ausente...”, ao referir-se à Coordenadora do curso. (Por esse erro, Seu Creysson está perdoado. É um erro comum que poderia até ser cometido pela própria coordenadora e professora de Oficina de Textos, disciplina que leciona no terceiro período do curso.) Na oitava linha, Seu Creysson repete o “vc” da Internet e se esquece completamente das vírgulas nas frases cuja idéia é uma condição. Mas na nona, Seu Creysson prova que aprendeu com o erro da linha 6 e evita a ambigüidade colocando “Malhação” em maiúscula... (Palmas para ele!)

10-Se vc já passou pelo terceiro deve ter notado o quanto a ética e a filosofia são parecidas, ou melhor, idênticas...pq aquele
11-professor falou a mesma coisa no semestre passado...sem contar as oficinas de escrita...tenha paciência e nunca ria das
12-piadas dele, colabore para um universo mais irônico. Seja irônico durante a política e mídia...garantimos essa é ruim de
13-doer...
14-Se o quarto é o caso relaxe, tem boas experiências na publicidade e jornalismo
15-(Caso vc seja discípulo de Brandão ou Mozahir)

Na décima, Seu Creysson mostra o quanto é um bom usuário de Internet, uma das grandes exigências do curso, e exibe seu amplo vocabulário específico, agora se utlizando do “pq”, além do “vc”. Acredite, as linhas 11, 12 e 13 são continuações da linha 10, ou seja, trata-se da mesma frase: um período longo pontuado por reticências. As vírgulas das frases condicionais também foram esquecidas, exceto o tom coloquial. Na linha 14, um novo mistério: quem tem boas experiências na publicidade e jornalismo? Provavelmente, o próprio Seu Creysson, já que um aluno do quarto período provavelmente tenha boas experiências na Publicidade e no Jornalismo (com letras maiúsculas). Novamente, um erro de ambigüidade. A décima quinta linha é um parágrafo somente para a informação do parêntese...

16-Se você está no quinto, verá o quanto as linguagens digitais são virtuais, pq nada mais virtual do que uma aula que no
17-final do semestre não dá nenhum resultado...porém relaxe, vc conhecerá alguém que leva o corpo, a moda e a sociologia
18-para além dos textos do Arlindo Machado...e também uma artista incrível, que vai te ensinar uma coisa: Cada um goza
19-como pode.

Na décima sexta, Seu Creysson esnoba: fala de linguagens digitais e virtuais, em que já provou ser um ótimo entendedor. As linhas 17, 18 e 19 são continuações da 16, pontuadas por reticências, novamente. Seu Creysson realmente, não gosta nem de vírgulas, nem de pontos finais. Na décima oitava, uma peculiaridade: o texto, que desde o início fora voltado para a 3ª pessoa do singular (você, ou melhor, vc), muda para a segunda: “vai TE ensinar uma coisa”. (Seu Creysson, vou LHE ensinar uma coisa: para usar o “te”, o Senhor teria de referir-se a nós, leitores, por “Tu”, mas as concordâncias verbais seriam ainda mais complicadas, garanto...)

20-Se o sexto é o momento, cuidado pra vc não perder muito tempo com projeto experimental I, não vale a pena...não perca
21-tempo tb com Rádio, Cultura Religiosa II, Ave Maria...
22-Se o sétimo é o problema, relaxe novamente, existem coisas práticas que funcionam...
23-Agora o oitavo está mais no nosso controle, dá pra exigir o projeto e ser atendido...
24-São só 6 alunos e o professor...cara a cara ninguém recusa...

Nas linhas 20 e 22, a mesma frase. Nem preciso ressaltar qual foi a pontuação erroneamente empregada. Mas, surge um grande progresso: uma vírgula, em uma frase com idéia condicional. Isso nos mostra que na verdade, o Seu Creysson sabe fazer uma frase com pontuação correta. Talvez, tenha apenas se esquecido, na pressa de fazer o texto para a rápida divulgação. (Talvez, isso também explique o uso de linguagem de Internet.) Na linha 22, uma frase inteira sem erros! (Dá-lhe, Seu Creysson!) Na linha 23, uma vírgula novamente é esquecida. (E a norma culta também.) Na linha 24, última de seu polêmico texto, o “cara a cara ninguém recusa” soa estranho, mas não seja tão chato, ao menos, com boa vontade, dá para entender o significado da frase.
Assim, depois de cometer erros de Português em 23 das 24 linhas que escreveu, não me resta nenhuma dúvida de que o autor do texto “Barreiras da Comunicação” seja o próprio Seu Creysson.


Errata:

Pedimos desculpas à Frances Freitas, essa alma de bom coração, porém, aluna de Comunicação Integrada, 3º período, pelas falsas acusações. (Que ela não nos processe por “calúnia e difamação”, além dos “danos morais”.) Agora sim, lemos o texto "Barreiras da Comunicação" e sabemos que Frances Freitas seria incapaz de cometer tais deslizes de escrita.


Nova denúncia:

Seu Creysson também está por detrás do texto do DA!

Repare o texto que chegou até nós, no dia 03/05/05 referente à Assembléia Geral dos Alunos da Comunicação Social Integrada, realizada no dia 04/05/05:

1-Assembléia Geral dos Alunos
2-Aos Estudantes do Curso de Comunicação Social:
3- Durante o “Fronteiras da Comunicação” aconteceu uma manifestação anônima através da distribuição de panfletos
4-intitulados “Barreiras da Comunicação”, onde estava descrito diversas críticas sobre o nosso curso.
5- (...)O fato é de conhecimento de todos, por isso está é a nossa vez de falar, é a oportunidade de apontarmos os erros e 6-os acertos para um curso de qualidade e que forme profissionais de qualidade. NÃO TENHA DÚVIDA, QUEM CONSTRÓI
7-O CURSO SOMO NÓS, ALUNOS, E SE NÃO ESTÁ BOM, VAMOS MUDAR ISSO JUNTOS(...)

Na linha 3, a vírgula é esquecida após a indicação de tempo na frase (“durante o Fronteiras da Comunicação”). Na seqüência, um show de concordância verbal: “distribuição de panfletos intitulados “Barreiras da Comunicação”, onde ESTAVA DESCRITO diversAS críticAS sobre o nosso curso”. Nas últimas linhas, a vírgula é bem lembrada e mal empregada: “...Quem constrói o curso somos nós, alunos, E se não está bom...” No cartaz afixado nas paredes do prédio de Comunicação, um comunicado do DA, que diz: esta é a nossa FEZ de falar!!! Fora o “estÁ é nossa vez de falar”, no comunicado da assembléia. (Deveriam ter desistido dessa frase difícil!)


Será que o Seu Creysson já está influenciando a escrita até do Departamento Acadêmico?

O modo de escrita Creysson estaria se tornando epidemia no campus?

Os alunos do Direito que se previnam...

sábado, maio 07, 2005

Esclarecimentos...

Não fui eu! Procurem quem está com a palma da mão amarela!

Há um texto circulando na PUC Minas São Gabriel, criticando as palestras do Fronteiras da Comunicação, evento realizado nos dias 26 a 28 de abril, no próprio campus. Nessa maravilhosa peça da arte escrita, há críticas inclusive à coordenadora do curso, Sra Daniela Serra. Eu ainda não coloquei meus lindos olhos astigmatas e míopes nessa incrível composição literária, mas não sou complacente de forma alguma! Pela primeira vez, tive a sorte de escolher palestras relativamente boas (metade deve ser atribuída aos acompanhantes, claro!). Muito menos sei de que natureza são essas críticas. (Mas faço idéia.)
O interessante é que essa exuberante performance textual não está atribuída a autor maravilhoso nenhum! Ou seja, o anormal que escreveu essas críticas é tão corajoso que além de divulgar o texto no melhor do estilo maçônico (escreve, imprime, reproduz, cola na igreja e distribui) ainda não assina. Então, eu, uma pobre mortal que fala mais que o normal, sou acusada de ser a autora dessa magnificência toda! Quem sou eu para parir tamanha perfeição! Aliás, se querem saber de quem é esse texto, eu respondo de prontidão: é da puta que te pariu! Meu, não é. Minto. Não é dela não. Eu até quero ler essa Divindade em Forma de Texto porque se for bem escrito no tanto que se fala, vou falar que é meu mesmo! Ainda uso como portfólio!
Duvido que seja tão bom. Como diz o dito popular, filho feio não tem pai! E não vai ser hoje que vai ter uma mãe!
Dá até pra saber o tipo de mente engenhosa que faz uma Arte dessas. Primeiro, é um ser com muito dinheiro pra jogar fora. Eu não estou xerocando nem os textos de 100 000 páginas obrigatórias para as provas, quanto mais xerocaria um texto meu pra universidade inteira! Mas dá pra se ver que é uma entidade de uma humildade fora do convencional: apesar desse tipo de texto ser arrogante e prepotente por natureza, o Sacro Autor não se identifica. Isso quer dizer que ele se abnega das glórias do Prêmio Nobel da Literatura! Um gênio anônimo! Que humildade excepcional!
Por outro lado, a estratégia de divulgação utilizada, apesar de ser fraca e arcaica - pela Internet se divulga muito mais e em tempo record-, nosso “Muso” demonstra querer o estrelato gerando polêmica no campus. O texto xerocado é uma obra tocável. Se transformada em avião, pode ter sua ponta mastigada e ser eternizado em um teto da faculdade. Se jogado no lixo, vira reciclagem e novamente, se perpetua! O Grande autor mostra –se paradoxalmente, vaidoso.
É contraditória a natureza do Mestre Oculto, mas os gênios são de fato, incompreendidos.
Eu, novamente repito: sou uma mortal. Quando quero criticar, faço um texto e assino. Se não quero arrumar encrenca, crio um blog e dito a regra: é meu, falo o que eu quiser, quando eu quiser, do jeito que eu quiser. E pronto. Leia quem quiser. Não sou contra qualquer manifestação de protesto. Aliás, acho que a raiva tem de ser expelida mesmo, ótimo se um texto virar meio pra isso. No final das contas, é até melhor que um ato de vandalismo, ainda que eu não concorde em usar a escrita como meio de agressão e esteja me trabalhando muito nisso. Porém, um texto também cabe à Lei Natural dos Mundos: lei de causa e efeito. Um texto desses atinge várias pessoas, fala em nome de várias, causa danos e não há um responsável pelas conseqüências porque um Zé Ruela covarde não assina. Que crítica válida é essa que se esconde?
Todas as pessoas possuem liberdade de expressão, mas nela, cabe também o bom senso.
Assim, como eu sou uma pessoa sem escrúpulos, farei uma acusação de suspeito: aposto que foi a Frances Freitas, aluna do 3º período de Comunicação Integrada quem fez o texto e saiu divulgando toscamente pela faculdade. É óbvio que foi ela. Há séculos ela espera ter um comportamento inspirado no filme: “Segundas Intenções”. Como é uma moça de família, não se deu à promiscuidade sexual. Mas, assim que viu a oportunidade, encenou o final de seu filme favorito: xerocou seu texto e distribuiu como se estivesse entregando o diário secreto de Sebastian, em que ele revela a vida suja de sua irmã Kathryn. Já consigo ver Frances Freitas, vulgo Fran Mandinga, se sentindo a Reese Witherspoon (atriz que beija o ator Ryan Phillipe, seu sonho de consumo, além do Paulo, o Terrível) fazendo cara de nojo e cantando “The Verve”, enquanto entrega o texto polêmico para as pessoas que saíam das palestras do Fronteiras:

“Cause it´s a bitter sweet simphony this life...”

Fran, sua suja! Mostra a cara!
Só falta falar que só se encarregou da divulgação. Aí, resta-me a pergunta:

QUEM É O NOVO DEUS QUE ANDA AGITANDO A COMUNICAÇÃO SOCIAL INTEGRADA???

Oh, não nos oculte a sua face!

Idiota.


terça-feira, maio 03, 2005

E chega de falar sério!

Agora, nos aproveitando da mesma música da postagem anterior, a Campanha em nome dos Nerds do País:

“A gente não quer só comer
A gente quer comer, quer fazer amor.”

Nerd também é injustiçado. Tem fama de zando, punheteiro, abobalhado...
Graças a Deus, nerd é minoria.
E consegue vaga em universidade?
Consegue bolsa, né?!
Bem...Não vamos discutir isso agora.
(É o que dá eu não ter um cérebro privilegiado...)

Mas, uma boa ação afirmativa pra solucionar o problema do nerd no Brasil é uma viagem para o Rio de Janeiro! Pronto! Nada que um baile funk não resolva.

“Já é?
Ou já era?”



Chega de trololó furado! Não agüento mais discutir Reforma Universitária, Ação Afirmativa, essas coisas todas!
Se bem que é necessário uma Reforma PUBLICItária...
Discutiremos isso mais tarde...
Deixai as "Suzanas Vieiras" ainda ganharem dinheiro com suas colas de dentaduras...

Até mais ver, coregas!

Próxima postagem: Esclarecimentos sobre um tal texto "Barreiras da Comunicação".




Falando sério...

Item E: Sugestão de uma nova ação afirmativa
-Tentativa de tornar o ingresso às universidades pelas classes pobres, mais justo-

A maior crítica que faço à Reforma Universitária é a sua estrutura repleta de menosprezo. Trata o aluno de escola pública como incapacitado (acerca de negros, amarelos, burros fugidos, eu nem vou comentar...) e o mais importante: retira do Governo Federal a obrigação de investir no Ensino Público. O que precisa ser feito não é simplesmente reformar o ensino universitário. É ridículo pensar que o Governo deseja aumentar a renda da população para que as camadas pobres tenham condições de matricularem seus filhos em escolas particulares! A verdade é que não se ouve falar de uma reforma significativa desse Ensino Público porque esta seria uma atitude de resultados a longo prazo.
Assim, já que se deseja uma postura a médio prazo que realmente traga melhorias sem menosprezar a qualidade intelectual de nenhuma classe social, a minha sugestão é: abrir vagas em cursos preparatórios para vestibular e não nas universidades. Todo aluno que tenha passado por um vestibular sabe que o peso da prova está no ano de preparo que a antecede. Nos colégios preparatórios ou nos cursinhos, neste ano antecedente à prova, é feita uma revisão geral da matéria visando não apenas ensinar, como corrigir erros de aprendizagem adquiridos ao longo do Ensino Médio. Nos grandes colégios, um ano de preparação é suficiente para fazer qualquer aluno esforçado ser aprovado em uma prova de vestibular. Neste caso, o êxito depende exclusivamente da boa vontade e persistência do aluno. Assim, ao fazer com que classe média, pobres e ricos assistam às mesmas aulas, permite-se que todos tenham as mesmas condições de ingressarem em uma faculdade federal, através do mesmo processo seletivo.
Por que isso não é feito? Condições para isso existem. (Da mesma maneira que se trocam vagas por isenção de impostos nas universidades, poderia ser negociada a isenção dos impostos nas instituições de Ensino com grandes nomes e peso no mercado.) As respostas à pergunta são muito simples: tal atitude não resulta na mesma boa propaganda institucional para o governo, já que a parcela preguiçosa daqueles que lutam por essa forma de ingresso continuará achando um meio de se sentir injustiçada e lutará pela vaga “esforço zero”. Estudar é sacrificante demais! Eu é que não encontrei um meio de facilitar minha vida e sou mais uma idiota a achar que o trabalho mental dignifica o homem, senão, com certeza, eu também seria uma a esmolar ingresso fácil em universidade! Mas a questão não é apenas essa. A classe privilegiada também se sentirá injustiçada. Essa é a grande razão! Qual playboy e qual patricinha de colégio nobre vai querer dividir seu espaço com a ralé da escola pública? Nas faculdades particulares, onde o Governo pretende abrir vagas (faculdade federal tem isenção de imposto) todo mundo sabe, só tem ralé mesmo! Os ricos estão todos na federal, tiveram embasamento intelectual para isso. Mas, se as vagas são abertas nos colégios nobres, há um escândalo, uma epidemia de pobreza, um miserê asqueroso, uma “Piscinada de Ramos” do espaço cultural high society! Não há Jão, Creide, Uóxintão, Dáiâne, Létisgôu, Maicon Djequinçon, Priscilas Cunha em colégios de Maurícios e Patrícias! Não adianta. Reformas justas não são feitas por uma única razão: não se mexe em time que está ganhando! O governo ganha porque finge estar fazendo alguma coisa em prol da classe pobre e ganha novamente, quando não desagrada a classe rica do país. Esta é realidade.

Mas o governo federal, a grande maioria de estudantes, professores e trabalhadores da educação e o conjunto da sociedade sabem da importância da Reforma da Educação Superior. O Ministério da Educação convida todos aqueles que compartilhem expectativas emancipatórias a unirem-se na construção da nova universidade brasileira.” *

Eu não sei o que o MEC chama de “expectativas emancipatórias”, mas taí a sugestão. Empecilhos há em todas as propostas. Cabe aos governantes tornarem as ações afirmativas válidas. Se o Governo quer calar a boca da classe pobre, deve usar comida e não batom. Deve dar alimentação, emprego, saúde e educação, isso tudo sim, muda uma realidade social. Maquiar o Ensino garante publicidade, mas é ao mesmo tempo, um grande risco. Não resolve o problema da educação no país. Não zera a taxa de analfabetismo, por exemplo. Ainda haverá problemas. A solução é o investimento na educação pública desde o Ensino Fundamental. E caso haja necessidade de ações afirmativas, que se use o bom senso e sejam justos: o governo e o as classes injustiçadas, que precisam ser mais generosas e menos preconceituosas com elas mesmas.

“A gente não quer só dinheiro,
A gente quer inteiro e não pela metade.” **

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* Ver site do MEC.

** Comida, música dos Titãs. (Pensei na versão acústica. Então, se você leu os versos na versão normal, volte e leia novamente. Se você não sabe nem que música é essa, eu não sei em que planeta você vive.)


Falando sério...

Item D: Ação Afirmativa falha

D.1 – Entendendo “ação afirmativa

“João da Silva, vulgo Jão, sempre sonhou em vestir um terno bem alinhado e entrar em uma“festa de bacanas”. Este também era o sonho de seu pai. Jão, pelo menos, conseguiu refletir sobre a situação com o mísero raciocínio que tem graças ao mísero estudo que teve e chegou à conclusão de que o governo tinha a obrigação de dar a ele um pouco de alegria de viver, já que o básico, ele não ganhou, buscou sozinho. Por que várias pessoas vão a festas com roupas finas e o Jão tem sempre de trabalhar na colheita de tomate? Então, como o Jão tinha uma voz muito chata – e o Governo queria sossego para continuar a fazer nada em paz- deram-lhe uma oportunidade única: a de entrar em uma festa de bacanas! Jão não se conteve de tanta alegria! Ficou ansioso, sonhador e até ficou caladinho. Precisou jogar pedras em quem não concordava com a sua entrada, mas finalmente, estaria numa festa, junto a todas aquelas pessoas privilegiadas. O Governo então, lhe comprou um terno caro. Também lhe comprou um perfume caro, uma cueca nova e um par de sapatos. A gravata incomodou um pouco, mas Jão estava empolgado demais para pensar na “pequena corda” em seu pescoço. Então, chegou o grande dia da festa! Jão, “fidalgamente” vestido, se dirigiu até a porta grande, luxuosa e bem ornamentada, mas foi logo barrado. O Governo puxou – o pelo braço e disse: “Jão, você não tem capacidade para entrar pela porta como os outros. Já que é magrinho, vai entrar pela tubulação do ar condicionado! Viu como foi bom lhe deixar tanto tempo sem comida?” O que importava a maneira como iria entrar? Jão se encolheu todo e se arrastou. Quando entrou, caiu da altura do fim da tubulação até o chão da recepção. Levantou-se, limpou a poeira e foi se juntar aos demais. Tentou iniciar vários diálogos, mas não deu conta de acompanhar nenhum deles. Mal sabia do que estavam falando! Então, percebeu que aquela era uma festa muito estranha. Não bastava apenas entregar um bilhete na entrada, mas lá dentro, era necessário comprar novos bilhetes para acessar novos compartimentos, onde a festa continuava. Jão percebeu que logo, ficaria sozinho no hall de entrada. Os bilhetes para as melhores partes da festa, o Governo não havia lhe dado. Poderia tentar argumentar algo e até forçar uma entrada, mas ao contrário daqueles bacanas, no dia seguinte, Jão não acordaria depois do meio dia para descansar da fadiga da festa. No dia seguinte, Jão voltaria para a colheita de tomates...”
Essa foi uma historinha boba para explicar o que é a ação afirmativa. Pois bem, nada mais é que um utilitário de um governo para tentar diminuir diferenças entre parcelas da população (geralmente, as injustiçadas em seu histórico). No texto acima, Jão é a nossa população pobre que deseja acesso às faculdades (a festa de bacanas). O Governo é o Governo (se alguém tinha dúvida, não entendeu o “burro é burro e pronto!”). Ingressar o pobre Jão na festa é a ação afirmativa que o Governo encontrou para fazer o pobre protagonista se sentir menos inferiorizado socialmente. Porém, como na realidade, esta última também foi uma ação afirmativa falha. Entendamos o porquê.

D.2 – “A gente não quer só comida.”

O problema das ações afirmativas é geralmente, o mesmo: são maquiagens que os governos usam para menosprezar ainda mais o pobre menosprezado. (Vestir Jão elegantemente e “jogá-lo” numa festa de bacanas não lhe torna um deles.) No caso da abertura de vagas, a segregação aparece logo no início. Se desejam, em algum dia, promover a “igualdade” entre os setores sociais, ou até mesmo a “semelhança”, por quê a forma de acesso à universidade já começa diferente? É como na história de Jão: o pobre entra, mas entra pelo ar condicionado! É um absurdo tamanha irracionalidade!
Na seqüência, o erro não decresce. Suponhamos que seja muito justo e muito igualitário o “vestibular segregado”. Depois que essa classe social prejudicada entra nas universidades, quem pode garantir a permanência dessa? A começar pelos gastos “extra-classes”: livros, xerox, filmes...Todo universitário sabe que o aprendizado é e precisa ser um conjunto de fatores complementares. As estruturas das faculdades estão preparadas para receber a nova demanda decorrente da abertura de vagas? As bibliotecas, por exemplo, vão ter livros suficientes para todos aqueles que não podem comprá-los? A condução até o campus será gratuita? Não obstante, ainda há o fator mais sofrido de todos: quem é que vai garantir o sustento daquele aluno enquanto ele deixa de trabalhar para ingressar-se nos estudos secundaristas? Eu sei que a resposta mais óbvia será “filantropias” e afins. Ora, pense na filantropia da PUC, por exemplo. Quantas pessoas merecem ou precisavam de um desconto nas mensalidades e não possuem? Para ceder uma bolsa integral a esses novos alunos, a universidade precisaria desprover os já beneficiários ou conseguir um meio de aumentar a filantropia. O aumento das mensalidades torna-se opção, porém inviável. Resta o aumento da isenção da taxa tributária paga por essas instituições. Ótimo, se for suficiente. Mas ainda há outra dúvida: diminuindo a quantidade de impostos pagos, de onde o governo vai retirar capital para investir nas escolas públicas, por exemplo? O governo aumentará os outros impostos para suprir a queda desses? O que será feito? Se alguém souber a resposta, por favor me envie porque não consegui nenhuma satisfatória em minha pesquisa...
Eu sei que o discurso está cheirando a preconceito. Mas para não parecer discurso de maconheiro piolho de movimentos estudantis cascatinhas, irei tentar propor uma nova ação afirmativa.

Espero que ter conseguido explicar ação afirmativa...
Próxima postagem, item último, E: sugestões para uma nova ação afirmativa.

Falando sério...

Item C: Pobreza não é burrice.
Eu tenho um grande amigo que me faz morrer de orgulho quando me lembro de sua vida estudantil. Ele é um cara simples, com um cérebro normal, situação financeira tão difícil quanto a minha e mais milhões de pessoas, mas uma força de vontade muito acima disso tudo. Estudou em escola pública, aprendeu várias coisas com os livros, com os exercícios, professores que ouviu com atenção. Na biblioteca pública, ele sempre soube que tinha livros de graça e se precisasse, teria lido alguns. Com as dúvidas, que buscou respostas, SOZINHO chegou à universidade federal, em um “curso de gênios”, Engenharia de Controle e Automação. No vestibular, enfrentou concorrentes dos colégios mais caros de Belo Horizonte. Eliminou ricos, pobres, brancos e negros à base do esforço próprio e hoje, é promessa de um futuro que não posso assegurar ser promissor, mas que por si só já garante melhoras. Enquanto muitas pessoas reclamavam uma vaga a ser DOADA pelo governo, ele estudou. É por isso que ele está na UFMG e muitos não entraram. E talvez nem entrem...
Já que falamos em vestibular, na História Geral, nós estudamos um marco importante: a Revolução Industrial. Vimos que a Lei dos Cercos tornou as terras dos camponeses, outrora coletivas, em privadas, empurrando-os às cidades. Lá chegando, os camponeses encontraram uma tal de “Lei do Ócio”, que em outras palavras quer dizer: aqui, pedir é crime. Esmolar é crime. Todos devem, obrigados por lei, a trabalhar. E assim, se tornaram mão – de – obra fabril e comeram o pão que o diabo amassou. Desumano, eu sei. Mas, o que isso tem a ver com a discussão sobre “Reforma Universitária”? Aqui, irei usar a Lei do Ócio para explicar a diferença entre as naturezas do espírito de trabalho humano. Graças a leis como essas do passado, na Inglaterra, os mendigos sentem vergonha de pedir esmolas. É compreensível. O trabalho dignifica o homem. Já no Brasil, se decretarem a Lei do Ócio, como ócio é sinônimo de vagabundagem, até o presidente, dependendo da época, vai preso! É inegável que o brasileiro é um povo preguiçoso por natureza (e injustiçado historicamente, claro!). Basta observarmos a quantidade de feriados que temos. Basta compararmos o tanto que trabalhamos com o tanto que os japoneses trabalham. (Eu amo feriado, sou brasileira e preguiçosa. E sou cara de pau assumida também!)
Pois bem, depois desse trololó todo, a conclusão que se tira é: se ouvirmos a população brasileira, ninguém faz vestibular por livre e espontânea vontade. Todo mundo quer conseguir uma vaga “grátis”, sem esforço, “custo zero”.
Então, falamos de preguiça. Falamos de boa vontade e esforço para estudar. Lembramos de gente que vence sozinha, na luta, e de gente que está sempre a pedir, esperando o mais fácil, o mais cômodo, a negação do trabalho físico ou ainda, mental. Vimos que pobreza, isoladamente, não é sinônimo de burrice. (Aliás, gente burra nasce por geração espontânea, onde olhamos, há meia dúzia delas. Burro é burro e pronto. Não existe burro pobre, burro rico, burro verde...Aqui, não consideramos burro como aquele ser desprovido de conhecimentos acadêmicos, mas o “burro cotidiano” também. Aquele que pode ser um Boaventura na retórica, mas não sabe “nem a hora que está com fome”.) Há, portanto gente burra aos montes e preguiçosa às montanhas...
Mas, há pessoas que mal tem o que comer, o que vestir, onde viver, nem tem como ir à biblioteca pública e não tem tempo para estudar porque precisam trabalhar para conseguir as coisas que mal tem. A essas pessoas, falta também incentivo, esperança, força física. É a elas que o Governo quer tanto ajudar (ou queria!). Nesse contexto sim, cabe a discussão sobre a abertura de vagas para alunos, não por serem de escolas públicas, mas, por se enquadrarem no perfil “esforço humano é pouco” para o ingresso à faculdade.

Peço desculpas pela demora na atualização. (Problemas técnicos.)
Próxima postagem, item D: Ação Afirmativa Falha