Estava parada na frente do TRE, na Prudente de Moraes, quando se deu o vuco-vuco:
uma camelô de CDs piratas corria dos fiscais da Prefeitura. "Deixa ela correr com a bolsa", disse um fiscal. O outro completou: "E deixa a garrafinha, pra ela beber água quando voltar". Os fiscais também deixaram
um banquinho. Foram informados de que
era um empréstimo da banca de jornais ao lado.
Enquanto isso, algumas pessoas que passavam pelo local gritavam: "Vai prender bandido, seus caxias!" "Deixa a menina ganhar o dinheirinho dela!" "Pega ladrão, o de colete da Prefeitura!" O consenso era de que se o povo não pode trabalhar, a opção é ir para as ruas, roubar. Por isso, mesmo os que não gritavam, balançavam a cabeça negativamente para os fiscais da PBH. "Se ela tivesse puxado o pano e abraçado os cds, os fiscais não poderiam levar nada. Eles não podem apreender o que estiver na mão ou na bolsa", lamentou um transeunte.
E quase que eles não conseguiram mesmo. Pela "solidariedade" da ação dos
fiscais, me deu a impressão de que
eles próprios não se sentiam tão à vontade em fazer a apreensão. Cumpriam apenas o papel deles.
A situação é complicada. Os que não compram os cds piratas, baixam as músicas pela internet.
O problema então é com o comércio? Não seria com o "piratear"? Isso tudo mais uma vez me faz concluir:
é preciso repensar as leis, principalmente, as que envolvem direitos autorais e internet. O mundo simplesmente não é o mais o mesmo.
Acabei de assistir ao povo reclamar da fiscalização cumprir o papel dela.