Falando sério...
Item B: (Abrir vaga pra minoria na Puta que o Pariu!)
Quem é a minoria???
B.1 – Segundo etnia...
No Brasil, há 180 milhões de habitantes. Destes, 53,7% são brancos, 6,3% são negros, 0,6% são “amarelos”, 0,4% também é o índice percentual correspondente aos índios, 38,4% são pardos, 0,8% não declararam a cor. É óbvio que há pessoas que não declararam a cor. Com definições como “amarelo”, “pardo”, “marrom bombom”, “escurinho”...fica muito complicado responder nossa etnia ao censo demográfico. Eu, por exemplo, devo ser...rosa! Porque branco é um albino que mora numa rua aqui do lado. Ah, não, minto, ele é branquelo. Então, eu devo ser branca, ou amarela, quando deixo de comer...O melhor é responder que tem “cor de burro fugido”! Aí, sim, a coisa se resolve! A cor do Brasil é a de burro fugido! É aquela cor que você não sabe qual é. Como a cor do meu cabelo...
Mas, enfim, o que se sabe segundo o Censo de 2000 é que as minorias são os negros, amarelos, índios e os “burros fugidos”.
B.2 – Segundo Religião
A maioria da população é católica. 15 % é evangélica, 1% é espírita, 0,5% é Testemunha de Jeová e 7% não têm religião.
Eu sou espírita, meu amigo Dave é Testemunha de Jeová e minha amiga Raquel não tem religião. Nós somos minorias, nesse critério. Mas este não se encaixa no programa do Governo. Nenhum de nós ganhou vaga na universidade.
B.3- Renda (distribuição)
10% da população é considerado ricos e detêm 50% da renda. 40% é classe média. 50% são pobres e detém 10% da renda.
Os ricos são a minoria. Mas eles não serão privilegiados pelo programa do Governo. (???)
Agora, falemos de mim:
Eu sou cor de rosa e espírita, mas não me enquadro no programa do Governo porque apesar de ser minoria, nunca sofri nenhuma discriminação por isso, ainda que algumas pessoas pensem que o Espiritismo Kardecista seja macumba e tenha algum tipo de preconceito. Meu cabelo é meio loiro e freqüentemente ouço piadinhas relativas à burrice, mas infelizmente, depois que se descobriu a água oxigenada, eu faço parte da maioria das mulheres. Eu sou bem magra, mas depois que se inventou a fome, a anorexia, a bulimia e a Gisele Bündchen, faço parte da maioria. Meu bisavô era português e se casou com uma índia, então, tenho no sangue, os traços da discriminação. (Burra² = português x loirice!) Mas, dificilmente, vou conseguir me enquadrar no programa do Governo.
Além disso, o meu sangue é tipo O, fator Rh -. Somente 9% da população é O-. Isso significa que eu faço parte de uma minoria. E tenho problemas com isso sim! Na hora de doar e receber sangue, só posso receber de pessoas cujo tipo é O e o fator Rh, negativo. Se eu sofrer um acidente de carro e me ferrar toda, vou encontrar dificuldades para receber sangue! Saber desse empecilho é um motivo de infelicidade na minha vida.
Sou minoria. Mas não faço parte do programa do governo...
Faço parte da classe média, aquela que dá um duro danado, chega a lugar algum, não consegue apoio nenhum do Governo, mas reclama de “barriga cheia”, pois, AINDA não passa fome. Essa classe média também não está enquadrada no programa do Governo. Por essa razão, eu estudei ora em escola pública, ora em particular (com aqueles “descontos chorões”). Por essa razão, eu tive de assentar meu lindo traseiro numa cadeira de cursinho pré-vestibular durante 5 horas e estudar mais 6 em casa, durante 6 dias da semana. Por essa razão, enfrentei 38 candidatos por vaga para tentar entrar numa faculdade federal. Por essa razão, minha vida estudantil não foi nada fácil. E por essa razão, de tanto me esforçar para entrar em uma faculdade federal e não conseguir, tive uma crise de stress e na seqüência, depressão. Mas por essa razão continuei estudando, me esforçando...
E eu pergunto: se questões raciais é um fator sangüíneo e eu sou O- (minoria), descendente de índio, mesmo tendo o olho claro, porque precisei passar por isso tudo? Por que o Governo não me deu uma vaga?
Numa situação de emergência, no meio de uma selva, por exemplo,com todo o dinheiro do mundo, talvez, eu não consiga comprar sangue O-. Mas, se uma minoria racial tem dinheiro, compra uma vaga na universidade...
Já que nem cor e nem sangue passam ninguém no vestibular, por que eu não uso meu tipo sangüíneo e meu fator Rh pra tornar minha vida mais fácil? Por que eu tenho de me esforçar tanto se quiser conseguir chegar em algum bom lugar na vida?
O que se viu até agora foi eu tentando arrumar uma série de pretextos para facilitar as agruras do meu cotidiano. E logo se viu que sangue não é uma boa desculpa para se ingressar de pára – quedas em uma universidade...
Já o fator renda, é questionável. Esse pode ser de fato, um empecilho ao ingresso na universidade. Este, nós iremos defender, a seguir. Essa talvez seja a minoria que o Governo quer ajudar...
Próxima postagem, item C.